Cibele Chacon – da redação
Wanderley Montanholi é um ator e escritor natural de Paranavaí e será uma das vozes em destaque no especial “Falas de Acesso”, que a Globo exibirá no dia 23 de setembro, em homenagem ao Dia de Luta da Pessoa com Deficiência. Esse especial integra a campanha Setembro Verde, um mês dedicado à conscientização sobre os direitos e a inclusão das pessoas com deficiência (PCD), promovendo o debate e a visibilidade de histórias como a de Montanholi.
“Participar desse especial é muito mais do que uma oportunidade de estar na televisão. É um reconhecimento da nossa luta diária por inclusão, por respeito e por visibilidade. Nós, pessoas com deficiência, precisamos ocupar esses espaços e compartilhar nossas histórias”, afirma Montanholi, que vê na participação uma chance de levar sua mensagem para um público mais amplo.
HISTÓRIA DE SUPERAÇÃO
A trajetória de Montanholi é marcada por momentos desafiadores. Ele perdeu os pais ainda na adolescência e, anos depois, sofreu um acidente grave que resultou em uma fratura de Monteggia no braço, o que o levou a se tornar uma pessoa com deficiência. Apesar das dificuldades, ele transformou a dor e as adversidades em força, encontrando na arte uma forma de expressão e superação.
“Foi um momento muito difícil, mas a arte sempre me ajudou a transformar aquilo que poderia ser um fardo em algo que pudesse tocar as pessoas. A deficiência não define quem sou, mas me faz refletir sobre o mundo e como podemos torná-lo mais inclusivo”, explica ele.
Montanholi se destaca pelo talento como ator e escritor, mas também por seu engajamento na causa das pessoas com deficiência. Ele utiliza sua voz e sua arte como plataformas para ampliar a conscientização sobre a importância da inclusão e da acessibilidade.
No especial “Falas de Acesso”, o artista compartilhará suas experiências como pessoa com deficiência, abordando os desafios e as vitórias que enfrenta em seu cotidiano. O programa busca dar voz a indivíduos que, muitas vezes, são marginalizados pela sociedade, promovendo a reflexão sobre o respeito às diferenças e a inclusão.
“O especial é uma oportunidade de mostrar que, apesar das dificuldades, nós somos capazes de realizar tudo o que nos propomos. É importante que as pessoas sem deficiência também ouçam essas falas, porque a inclusão não é um favor, é um direito”, destaca.
A campanha Setembro Verde busca sensibilizar a população sobre os direitos das pessoas com deficiência, promovendo o respeito e a equidade. Para Montanholi, a visibilidade oferecida por esse tipo de iniciativa é importante para a mudança de mentalidade em relação às PCD.
“Eu sempre digo que a maior deficiência da sociedade é a falta de empatia. Quando ocupamos esses espaços e contamos nossas histórias, estamos criando pontes. Queremos ser vistos como iguais, com as mesmas capacidades e com os mesmos direitos de qualquer outra pessoa”, afirma o artista.
ARTE NA INCLUSÃO SOCIAL
Para Wanderley Montanholi, a arte sempre foi uma aliada poderosa na luta pela inclusão. Ele acredita que, por meio da atuação e da escrita, é possível tocar as pessoas de uma maneira profunda e provocar reflexões importantes sobre as questões sociais, especialmente em relação às pessoas com deficiência.
“A arte é transformadora. Quando subo ao palco ou escrevo uma história, quero que o público sinta, reflita e se emocione. É uma maneira de quebrar preconceitos e de mostrar que todos nós temos algo a oferecer”, comenta ele.
Montanholi também vê sua participação no “Falas de Acesso” como uma forma de inspirar outras pessoas com deficiência a se envolverem em atividades artísticas. “Espero que minha presença ali incentive outros a perseguirem seus sonhos, seja no teatro, na literatura ou em qualquer outra área. Nós podemos, e devemos, estar onde quisermos.”
O artista ressalta que, ao falar sobre acessos, refere-se à oportunidade de, como pessoa com deficiência, ser escolhido para papéis em que a deficiência não seja um elemento central do personagem. No caso dele, sua deficiência é oculta, o que amplia essa possibilidade. “Quero interpretar personagens em que a deficiência não seja o foco”, afirma.
OLHAR PARA O FUTURO
Wanderley Montanholi segue firme em sua missão de representar as pessoas com deficiência por meio da arte e do ativismo. Ele acredita que o futuro deve ser construído com base no respeito e na inclusão. “Quero que a próxima geração de pessoas com deficiência encontre um mundo mais aberto, mais empático. Se minha história puder ajudar a construir esse futuro, já valeu a pena”, diz o artista.
Montanholi também aborda os desafios diários que as pessoas com deficiência enfrentam em uma sociedade ainda não plenamente adaptada em suas redes sociais, onde reúne mais de 42 mil seguidores apenas no Instagram. “A falta de acessibilidade não está apenas nas calçadas e nos transportes públicos, está também nas mentes das pessoas. Precisamos quebrar essas barreiras para garantir que todos possam participar plenamente da vida social”, afirma.
O artista também está se preparando para lançar seu primeiro livro, uma obra autobiográfica que mistura relatos pessoais e reflexões sobre a vivência como pessoa com deficiência em um mundo ainda excludente. “Esse livro é uma forma de compartilhar minhas experiências e mostrar que, apesar dos desafios, é possível encontrar caminhos para a realização pessoal e profissional”, revela.
Ele também está em fase de produção de uma peça teatral inédita, que também aborda temas ligados à inclusão e à superação de preconceitos. “O palco é onde me sinto livre, e quero levar essa sensação de liberdade para outras pessoas com deficiência, mostrando que nossas histórias merecem ser contadas e ouvidas”, explica.
E mostrando ser um artista multifacetado, ele também está prestes a lançar seu primeiro single, intitulado Digitais. “É a primeira música que vou subir nas plataformas, como cantor. É uma música pop que traz na letra toda uma dualidade sobre nossas limitações em aceitar o amor de forma natural e nossos próprios sucessos pessoais,” explica o artista. Segundo ele, a canção reflete sobre como, atualmente, é mais difícil aceitar ser amado do que amar.