De acordo com uma lenda que circula na imaginação dos paranavaienses, uma nave espacial que por aqui sobrevoava, decidiu pousar próximo à placa de identificação da cidade “ParanavaÍ”. Intrigados, os moradores se aproximaram e perguntaram aos tripulantes o motivo do pouso. O comandante da expedição interplanetária respondeu: “É que vimos uma placa dizendo: Pare a nave aí”.
A segunda edição do “Pare A Nave Aí – Festival de Música Independente” foi um marco para o cenário cultural de Paranavaí neste sábado. Realizado na Praça dos Pioneiros, o evento teve início às 16h e seguiu até depois da meia-noite, encantando uma plateia seleta e entusiasmada.
Este festival foi uma das maiores viradas culturais já vistas no município, reunindo 11 atrações que, cada uma com seu estilo único e músicas autorais, trouxeram o que há de mais autêntico na cena musical independente.
Em um cenário dominado pela grande mídia, onde artistas e estilos pré-selecionados ganham destaque, festivais como o “Pare A Nave Aí” oferecem um contraponto, proporcionando espaço para a diversidade artística. O evento também dá voz àqueles que resistem às tendências mercadológicas do entretenimento de massa. A valorização de músicos autorais e independentes é tão importante para o artista como para a cultura de um modo geral, e o festival cumpriu muito bem o seu papel.
A organização ficou a cargo da produtora cultural independente Voa, de Paranavaí, liderada pelas talentosas Luana Santana, Jacqueline Cardoso e Rafaela Machado. O evento foi viabilizado por meio da Lei Paulo Gustavo, uma iniciativa federal de incentivo à cultura que disponibiliza recursos financeiros para a realização de atividades culturais em todo o Brasil.
O festival teve início com a banda local 43 Duo e encerrou em grande estilo com um show inesquecível de Juçara Marçal, do Rio de Janeiro. E o melhor: tudo foi gratuito. O público pôde desfrutar de uma noite repleta de cultura, sem custos, apenas com o apoio dessa importante iniciativa cultural.
Entre as atrações que se revezaram no palco estavam as bandas Domínio Livre e Não Sei Ser Cult, de Paranavaí; O Hipertrópico e Caburé Canela, ambas de Londrina; De Maringá compareceram Nicholas Emmanuel, Maracatu Baque Mulher, além de uma apresentação de dança do Ballet Regina Mundi; Feralkat, de Curitiba e Matula Roots, de Colombo também deixaram o evento mais especial. Essa diversidade artística fez jus ao título de “Cidade Poesia” de Paranavaí.
Com uma organização impecável, o festival se destacou não apenas pelas atrações artísticas, mas também por ações sociais, como a distribuição de mudas, coleta seletiva de resíduos e atendimentos da Casa do Artesão e do Coletivo LGBTQIAPN+, que oferece suporte a pessoas em vulnerabilidade. O Projeto Mulher, que arrecada produtos de higiene íntima para mulheres em situação de risco, também teve espaço importante. Ainda merecem destaque as ações de acessibilidade no evento, como a presença de intérpretes de Libras, estruturas adaptadas e distribuição de protetores auriculares.
O valor de festivais independentes como este não pode ser subestimado. Esses eventos são importantes para a preservação e o fortalecimento da identidade cultural do município, além da troca de experiências entre artistas e comunidade. A música autoral, muitas vezes marginalizada pela indústria convencional, encontra nesses espaços a chance de florescer e impactar de maneira positiva a vida cultural de uma cidade.
(Texto: Amauri Martineli)