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ALAP

Purgatório

Foi assim

Levei um tiro,

Caí,

Morri.

Foi rápido,

Não faço ideia de onde veio,

Uma bala perdida?

Talvez…

Não sei.

Foi rápido,

Foi efetivo,

Num momento estava de pé,

Noutro estava deitado.

Já nem lembro onde estou,

Como vim parar aqui.

Lembro apenas de sentir algo,

Depois não mais sentir.

Por um segundo olho o céu,

Um céu azul e limpo.

Talvez isso seja chegar ao céu.

Seu corpo caí e por um relance,

Por um segundo,

Sua última visão é o céu,

Pacífico céu.

Pode ser que o mundo inteiro,

Cada um de seus momentos,

Estivesse fora de sentido,

Ao cair, caí no meu próprio.

Não dói, posso dizer.

Não que eu consiga mexer os lábios,

Não que qualquer um vá saber,

Até cair em si também.

A vida não passou por meus olhos,

Já nem penso em quem sou ou fui,

Nem sei se penso, por assim dizer,

Só o céu azul.

Se eu tivesse caído de bruços,

O inferno seria a terra, a grama e o sangue?

Se eu estivesse de olhos fechados…

Purgatório?

Quanto tempo isso ainda leva?

Alguém aí, pra dizer?

Nos olhos, o céu azul,

Ou outra cor,

Ou outra coisa,

Insiste em ficar.

O pensamento segue,

Algo como o pensar,

Algo que pode ser eterno

Ou pode acabar.

Pode cessar, como quem se fecha

Ou fecha os olhos, para dormir.

Talvez alguém apareça, talvez não

E esse quase alguma coisa perdure.

Talvez eu desvie antes da bala chegar,

Ou nunca puxe o gatilho.

Talvez eu só precisasse cair em mim,

Olhar o céu azul.

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