Neste domingo, 6 de outubro, eleitores de 5.569 municípios brasileiros irão às urnas para escolher seus próximos prefeitos, vice-prefeitos e vereadores. No total, 15.573 candidatos disputam uma das vagas para o cargo de prefeito, conforme dados divulgados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O número representa uma redução em relação às eleições de 2020, quando 18.416 pessoas concorriam ao posto. Já para as câmaras municipais, mais de 431 mil candidatos estão na disputa pelas 58 mil cadeiras disponíveis.
Na opinião do professor e especialista em Gestão Pública da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP), José Orcélio do Nascimento, os eleitos terão que enfrentar questões complexas em questão de Administração Pública, como problemas estruturais nas áreas de saúde, administração e arrecadação de recursos, especialmente nos municípios menores.
“O prefeito é a figura mais acessível ao cidadão, sendo responsável por questões cotidianas que afetam diretamente a vida das pessoas, como a saúde pública. Muitas vezes, a solução encontrada é a contratação de Organizações Sociais de Saúde (OSS). No entanto, é fundamental que o gestor público saiba distinguir as OSS sérias e acompanhe de perto suas atividades”, alerta o professor.
A falta de digitalização de processos e o excesso de burocracia também são pontos críticos que os novos prefeitos enfrentarão. “O conhecimento em gestão pública é essencial para que prefeitos e vereadores entendam a importância do cumprimento da legalidade nos processos administrativos. Governos mais digitais e eficientes são o futuro, e a implementação de mecanismos de governança pública é urgente”, pontua Nascimento.
Cidades maiores, problemas maiores?
Segundo o professor, os desafios variam conforme o porte do município. Enquanto cidades maiores enfrentam dificuldades em lidar com a crescente demanda por serviços públicos, como transporte e educação, os municípios menores sofrem com a baixa arrecadação e a dependência de repasses dos governos federal e estadual. “A maioria dos pequenos municípios depende majoritariamente desses repasses, o que restringe sua autonomia financeira e capacidade de investimento”, explica.
Futuros gestores precisam de capacitação
Um dos maiores obstáculos para os futuros gestores é a falta de preparação. “Muitos candidatos demonstram desconhecimento sobre os princípios fundamentais da gestão pública, como Direito Administrativo, Finanças Públicas e Orçamento. Embora o político eleito não precise dominar todos esses temas, ele deve estar cercado de assessores capacitados para tomar decisões corretas”, argumenta o professor. Além disso, o docente da FECAP ressalta a importância de os partidos investirem mais na formação de seus candidatos, oferecendo conteúdo relevante sobre o funcionamento da administração pública.
Com uma administração pública cada vez mais complexa e a crescente pressão da população por serviços de qualidade, os prefeitos eleitos enfrentarão uma missão desafiadora. “A falta de capacitação e de equipes preparadas prejudica o desenvolvimento das cidades e, no fim, quem mais sofre é o cidadão”, conclui Nascimento.
Sobre –
José Orcélio do Nascimento possui graduação em Ciências Contábeis pela Faculdade de Ciências Econômicas de São Paulo (1993), graduação em Administração pela Escola Superior de Administração de Negócios (1991), especialização em Contabilidade Pública (2000) e mestrado em Ciências Contábeis pela Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (2010), doutorando em Administração pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul – USCS. Atualmente é analista judiciário – contador – do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo e professor auxiliar mestre e coordenador de cursos Pós-graduação lato sensu da FECAP.