Artista propõe um mergulho no corpo feminino e suas emoções através de colagens e tecnologia
Cibele Chacon
Da Redação
A multiartista Elisa Riemer, conhecida por sua trajetória nas artes visuais e na cartomancia, levará pela primeira vez à São Paulo sua exposição solo intitulada AnatoMinha. A mostra será inaugurada no dia 26 de outubro, na Galeria Olido, e ficará em cartaz com entrada gratuita. Com 12 obras de arte audiovisual, a exposição utiliza a técnica de videomapping e oferece uma reflexão sobre o corpo feminino e suas experiências, com curadoria de Luciana Ramin e produção de Vanderlei B. Junior. Todas as obras também contam com audiodescrição, garantindo acessibilidade a públicos diversos.
VIAGEM SENSORIAL E POÉTICA PELO CORPO FEMININO – Em AnatoMinha, Elisa constrói uma narrativa visual que explora o corpo como território de memória e afeto. A artista utiliza recortes de atlas de anatomia, postais femininos da Primeira Guerra Mundial e outras imagens de mulheres para criar colagens que se transformam em uma “sala de cirurgia poética”. As obras revelam sintomas e sentimentos atravessados por relações amorosas lesbo-afetivas, oferecendo um olhar íntimo e político sobre as emoções e os desafios enfrentados por essas mulheres.
“A exposição dialoga com o corpo feminino como um espaço de luta e resistência, refletindo as cicatrizes e as belezas presentes nas relações humanas”, afirma Elisa. Com uma proposta de unir o analógico e o digital, a exposição utiliza videomapping para dar movimento e vida às colagens, transformando-as em uma experiência visual imersiva e dinâmica. A técnica, que já ganhou destaque em grandes exposições de artistas como Van Gogh e Frida Kahlo, aqui é utilizada para explorar o conceito de um corpo em constante transformação.
ELISA RIEMER: ENTRE O ESOTÉRICO E O ARTÍSTICO – Elisa Riemer, nascida em Paranavaí, possui uma carreira consolidada de 15 anos, atuando em diversas frentes, como as artes visuais, publicidade e na área editorial esotérica. Especializada em colagens analógicas e digitais, seu trabalho transita entre o feminismo e o misticismo. Um dos principais marcos de sua carreira é a criação do Nosotras Tarot, o primeiro baralho feminista do Brasil. Elisa também desenvolveu outros baralhos autorais, como o Lenormand e o Tarot do Fim do Mundo, consolidando-se como uma referência na fusão entre arte e espiritualidade.
Entre algumas de suas obras mais conhecidas estão “Deleitação”, capa da edição italiana de Come As You Are, de Emily Nagoski, e da Vogue Portugal em 2021. Elisa também colaborou em projetos audiovisuais, incluindo clipes e capas de álbuns, como o Estilhaça, de Letrux.
Além de suas participações em exposições e eventos no Brasil, Elisa teve suas obras expostas em instituições como o Colorado College, nos Estados Unidos, e na Universidade de Lille, na França. Sua exposição solo Entre Corpos & Galáxias, realizada em Maringá, marcou o início de sua jornada solo no universo das artes visuais, abrindo caminho para novas explorações artísticas, como AnatoMinha.
Para Elisa, a arte tem um papel fundamental como agente de transformação social. “A arte modifica a pessoa, ela pode ocupar lugares onde muitas vezes não se sente pertencente. Quando nos conectamos com a arte, nos conectamos com nossa própria essência. Não existe sociedade sem arte, e é a expressão artística que nos alimenta a alma”, reflete.
Com AnatoMinha, Elisa convida o público a mergulhar em uma jornada introspectiva e sensorial, explorando a complexidade do corpo feminino e suas vivências. Ao unir o passado e o presente, o estático e o dinâmico, a exposição se apresenta como uma odisseia visual que transforma o olhar e a percepção sobre o corpo e as emoções.
UMA CONEXÃO COM AS RAÍZES E O FUTURO – Elisa Riemer mantém uma forte conexão com Paranavaí, onde iniciou sua trajetória artística. Ela relembra com carinho suas primeiras experiências na Casa da Cultura local, onde teve aulas de desenho e participou ativamente do cenário cultural. “Esses laços que criei em Paranavaí são concretos e me acompanham até hoje”, conta.
Atualmente residindo em Maringá, onde desenvolveu grande parte de sua carreira, Elisa destaca a importância de expandir horizontes sem perder de vista suas raízes. “O interior nos conecta de maneira profunda com as pessoas e com os espaços. Isso moldou quem eu sou hoje”, reflete.
Com AnatoMinha, Elisa continua a explorar novos territórios artísticos, consolidando-se como uma das principais expoentes da colagem e da arte audiovisual no Brasil. Sua capacidade de dialogar com diferentes linguagens, aliada a uma sensibilidade única para questões feministas e espirituais, faz de sua obra uma referência no cenário contemporâneo.
A exposição será um marco na trajetória da artista, por ser sua primeira mostra solo em São Paulo e também por reafirmar seu compromisso com a transformação social por meio da arte.
Serviço:
AnatoMinha
Exposição solo de Elisa Riemer
Data: a partir de 26 de outubro de 2024
Local: Galeria Olido, São Paulo
Entrada: Gratuita
Audiodescrição disponível para todas as obras.
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