Empresários do setor garantem que o volume de vendas foi afetado de forma significativa nos últimos meses, chegando a registrar movimento 40% menor
REINALDO SILVA
Da Redação
Depois de chegar a R$ 215 em junho deste ano, a arroba bovina acumulou altas consecutivas mês a mês. Só em outubro foram três elevações que empurraram o preço para R$ 300. Os reflexos estão nos valores praticados em açougues e supermercados; estão no comportamento do consumidor final.
Douglas Chaves tem uma casa de carnes em Paranavaí e viu o movimento cair 10% nos últimos 30 dias. E não é para menos. O quilo do coxão mole, que custava R$ 35,99, agora é vendido por R$ 38,90 – variação acima de 8%. No caso da picanha, a diferença é ainda maior: o corte passou de R$ 60 para R$ 80 – variação de 23%.
No açougue de Elio Bernardo de Novaes, a situação não é diferente. Os preços da carne bovina subiram em média R$ 6, levando o quilo do filé mignon a R$ 60 e o da picanha a R$ 70. Os reajustes constantes também comprometeram o volume de vendas, e o empresário estima que a queda no movimento seja de aproximadamente 40%.
Os clientes compram o produto em menores quantidades e recorrem a alternativas, a exemplo dos cortes suínos e do frango. Aliás, as duas opções estão mais caras. Só para dar uma ideia, de acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), outubro também marcou o sexto mês consecutivo de elevação nos preços da carne suína e do animal vivo.
Em recente entrevista ao Diário do Noroeste, o médico veterinário da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab) Thiago de Marchi explicou que a longa estiagem e o calor excessivo afetaram o desenvolvimento das pastagens, aumentando o tempo de engorda dos rebanhos. Com isso, a quantidade de animais disponíveis diminuiu, impulsionando os preços.
Ao mesmo tempo, cresceram as exportações de proteína bovina: dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) mostram que no primeiro semestre deste ano houve incremento de 27,3% na comparação com o mesmo período de 2023.
Perspectivas – O empresário Elio Bernardo de Novaes diz não esperar novos reajustes no preço da carne bovina entre novembro e dezembro. Avalia que o mercado já soma altas demais. Se o ritmo se mantiver, as vendas no varejo cairão a patamares comprometedores.
As perspectivas de Douglas Chaves são diferentes. Ele acredita que até dezembro ainda é possível que haja crescimento de 10%, principalmente em função da grande procura pela carne bovina comum nos finais de ano. A expectativa é que somente a partir de janeiro de 2025 os preços voltem a condições mais acessíveis.