Festival celebra a arte há quase seis décadas, revelando e premiando artistas de diversas regiões e estilos
Cibele Chacon
Da redação
O Festival de Música e Poesia de Paranavaí (FEMUP) é um marco cultural para o município e toda a região noroeste do Paraná. Realizado desde 1966, o festival se tornou parte integrante do calendário de eventos do Estado, consolidando-se como um dos únicos no Brasil que reúne música, poesia, conto e declamação em sua programação.
A história do FEMUP começou com o professor Gomes da Silva, que, em 1966, promoveu um curso de oratória para seus alunos. Inspirados, os estudantes propuseram uma “noite de arte”, que rapidamente evoluiu para o que conhecemos hoje como o Festival de Música e Poesia. O primeiro evento aconteceu no dia 12 de maio, com a ideia do professor de incorporar o nome “festival” por sugerir um momento de festa e alegria.
Ao longo dos anos, o FEMUP evoluiu. Em 1968, adicionou o Concurso Literário de Contos à sua programação. Em 1973, a música clássica foi substituída por música popular, ampliando ainda mais o leque de atrações. Atualmente, o festival é conhecido nacionalmente por sua diversidade e pela qualidade das obras apresentadas.
Atualmente, o FEMUP concede 56 premiações em diversas modalidades, reconhecendo o talento de artistas de todo o Brasil, incluindo aqueles que vivem no exterior. As inscrições, que costumam abrir em março, atraem mais de 1.200 participantes de várias partes do país. O evento ocorre na primeira quinzena de novembro, transformando a cidade em um grande palco de celebração cultural.
A programação do festival abrange uma semana de atividades, incluindo palestras, bate-papos e leituras dramatizadas, além das duas noites principais, em que as obras premiadas são exibidas. Nos últimos anos, o festival tem sido realizado em praça pública, conferindo um caráter cada vez mais popular à celebração.
IMPACTO E RECONHECIMENTO – O impacto do FEMUP na vida cultural de Paranavaí e do Paraná é inegável. O festival é uma vitrine para artistas e um espaço que promove a reflexão sobre questões sociais e culturais. As obras apresentadas muitas vezes refletem a realidade, os desafios e as belezas da vida cotidiana. A história do FEMUP se confunde com a história da cidade, tornando-se um patrimônio imaterial que precisa ser preservado e reconhecido.
Atualmente, a Fundação Cultural de Paranavaí trabalha na documentação e no acervo de todos os anos de história do festival, buscando oficializar o FEMUP como Patrimônio Cultural Imaterial do Paraná. Este reconhecimento é um passo importante para assegurar que a tradição do festival continue a ser celebrada e apreciada pelas futuras gerações.
Segundo Rafael Torrente, diretor presidente da Fundação Cultural, “o FEMUP é muito importante e significativo para o desenvolvimento da cultura de Paranavaí e região. Acredito que uma das principais características para que isso aconteça é ele ter uma história tão marcante há tanto tempo, acontecendo de forma ininterrupta e premiando artistas, autores, compositores, incentivando-os a produzirem cada vez mais e serem premiados. O FEMUP é, sem dúvida, um festival que valoriza e incentiva a produção autoral”, afirmou.
Ao longo de uma semana, o FEMUP promove uma série de atividades que vão além das competições. Palestras, bate-papos e leituras dramatizadas enriquecem a programação, proporcionando um espaço para diálogos entre artistas e o público. Durante as noites principais, os participantes têm a oportunidade de apresentar suas obras em um palco profissional, uma experiência que é descrita como transformadora.
Rosi Sanga, diretora geral da Fundação Cultural, compartilha sua conexão pessoal com o festival. “O FEMUP se relaciona com a minha vida de forma significativa, tenho grande amor por ele e pela transformação que ele proporcionou a mim e a diversas pessoas que conheço. No fundo, o FEMUP é conhecimento, é o aprender com o sentir e ressignificar.” Sua perspectiva enfatiza o impacto emocional que o festival gera em todos os envolvidos, desde declamadores e músicos até o público apreciador da arte.
As premiações do FEMUP são um dos aspectos mais aguardados do festival. Artistas têm a chance de receber o Troféu Natividade, carinhosamente conhecido como “Barriguda”. Criado em 1987 pelo artista plástico Saulo Suguimati, o troféu representa uma mulher indígena com um violão e um livro, simbolizando a música e a literatura que permeiam o festival. Este reconhecimento é uma forma de valorizar não apenas os vencedores, mas toda a trajetória dos participantes.
Dorival Torrente, fundador do Grupo Gralha Azul e um dos participantes mais antigos do FEMUP, relembra com carinho suas experiências. “Todas as vezes que eu participei, teve uma grande importância, mas a que mais marcou foi a edição de 1977. Foi ali que eu, em um cinema lotado, declamei pela primeira vez e tive uma performance maravilhosa. Peguei o prêmio maior, de primeiro lugar em declamação, então foi muito marcante e, foi ali, que eu passei a ser reconhecido como um bom declamador. E eu amei tanto que até hoje eu declamo esse poema e tantos outros”, diz.
Torrente, além de ter participado de inúmeras edições do FEMUP, é pai de Uyara Torrente, vocalista da Banda Mais Bonita da Cidade, uma das principais atrações musicais da edição de 2024, que será realizada entre os dias 3 e 10 de novembro. Este ano são celebrados o 59º Festival de Música e Poesia de Paranavaí e o 56º Concurso Literário de Contos, com apresentações que ocorrem novamente na Praça dos Pioneiros. Outra grande atração nacional confirmada é o cantor e compositor Renato Teixeira.
Veja a programação abaixo:
Domingo (3/11) – Abertura do Femup
Show com A Banda Mais Bonita da Cidade, às 19h, na Praça dos Pioneiros;
Quinta-feira 7/11
Ação performática de gravura “Onde nascem os ventos?”, às 18h. Realização em parceria com a Universidade Estadual do Paraná (Unespar – Campus Curitiba), Pró-Reitoria de Extensão e Cultura e Diretoria de Cultura;
12º Femupinho, às 19h, na Praça dos Pioneiros. Crianças da rede municipal e privada de ensino declamam poesias e cantam músicas autorais.
Sexta-feira (8/11)
Leitura dramatizada dos contos premiados no Femup e bate-papo com os autores participantes; leitura de quatro contos premiados, às 9h30, no Sesc de Paranavaí;
Às 20h, na Praça dos Pioneiros, ocorrem as primeiras apresentações dos trabalhos premiados no Femup – músicas e declamações das poesias; entrega do troféu Barriguda.
Sábado (9/11)
Leitura dramatizada dos contos premiados no Femup e bate-papo com os autores participantes; leitura de quatro contos premiados, às 9h30, na Praça dos Pioneiros;
Às 14h30 no Sesc de Paranavaí haverá uma Tarde Literária e lançamento dos livros: A Casa, do escritor Felipe Figueira; A Carne Perpétua, das escritoras Lilly Araújo e Viviane Ferreira Santiago; No Meio Mundo: As viagens de Teru e Kazu, do escritor André Kondo; e Entre Linhas e Cordas, da escritora Valéria Pisauro.
Às 20h, na Praça dos Pioneiros, ocorre a segunda noite de apresentações dos trabalhos premiados no Femup – músicas e declamações das poesias; entrega do Troféu Barriguda.
Domingo (10/11)
Show de encerramento com Renato Teixeira, às 20h, na Praça dos Pioneiros.
Comentários 0