Cibele Chacon
Da redação
Em um esforço para ampliar a discussão sobre as etapas de gerenciamento de resíduos sólidos e fortalecer redes de contato entre municípios, especialmente os de pequeno porte, a Associação Norte Paranaense dos Engenheiros Ambientais (Anpea) está promovendo o 2º Fórum Norte Paranaense em Gestão de Resíduos Sólidos nesta quarta-feira (13) e quinta-feira (14). O evento, realizado em Maringá, reúne profissionais técnicos, gestores municipais e representantes de órgãos públicos estaduais e federais, com o objetivo de proporcionar um diálogo construtivo sobre os desafios e inovações no manejo de resíduos, além de promover o acesso aos serviços da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA).
Rodrigo Becegato, engenheiro ambiental e organizador do fórum, abriu o evento com a palestra “Inovações tecnológicas para o gerenciamento de resíduos”. Ele destacou a importância de um espaço que conecte o setor público e privado para discutir soluções integradas. “Esse evento é importante para atrair diversos setores e discutir etapas do manejo dos resíduos, incluindo tarifas, taxas e a regionalização dos municípios. Criamos um ambiente de networking onde os municípios podem trocar experiências e resolver dúvidas, facilitando o desenvolvimento interno das cidades”, explicou.
Becegato ressaltou ainda que, embora o investimento financeiro seja um componente importante, soluções para o gerenciamento de resíduos podem ser alcançadas com ações de gestão adequadas. “Muitas vezes, acredita-se que para resolver questões relacionadas aos resíduos sólidos é necessário um grande investimento. Claro que o investimento é importante, mas também há ações de gestão que não dependem exclusivamente de dinheiro”, disse ele. “Nos municípios menores, o responsável técnico por resíduos muitas vezes acumula outras funções, o que dificulta o avanço específico na área. Ele também é responsável por gerenciamento de podas de árvores, de estradas, do sistema de drenagem, cuidar da cooperativa e cuidar de toda a cadeia do manejo do resíduo, então ele acaba ficando até incapacitado de focar em algo e fazer isso avançar. O modelo de gestão consorciada, portanto, surge como uma alternativa viável, permitindo que cidades pequenas compartilhem responsabilidades e recursos técnicos”, acrescentou.
Durante o fórum, a questão dos aterros sanitários e a hierarquia no manejo de resíduos foram amplamente debatidas. Becegato destacou a importância de alternativas ao aterro para resíduos orgânicos, como a produção de composto e biogás. “Grande parte dos resíduos orgânicos ainda vai para aterros, mas é necessário que os municípios e consórcios busquem alternativas, enviando para o aterro apenas aquilo que não possui viabilidade econômica para reciclagem ou compostagem”, enfatizou.
A segunda palestra do evento foi conduzida por Verônica Fiorese de Lima, representante do Instituto Água e Terra, com o tema “Modelos de gestão e municípios de pequeno porte: experiências internacionais para o gerenciamento de resíduos”. Ela compartilhou a experiência de Portugal que, assim como o Paraná, possui muitos municípios pequenos. Segundo Verônica, a regionalização foi essencial para o sucesso da gestão de resíduos no país europeu. “A política de resíduos é algo gradual, e a própria legislação federal brasileira prioriza recursos para consórcios. Em municípios pequenos, a gestão avulsa se mostra insustentável, e é necessário avançar com a regionalização e o uso de consórcios”, explicou.
Verônica também abordou a importância de uma mudança de cultura entre a população, que precisa se familiarizar com a separação dos resíduos e adotar novos hábitos. “As pessoas devem entender que a separação de resíduos não é apenas uma opção, mas uma obrigação. Essa mudança de comportamento é um desafio, pois envolve múltiplas facetas, desde a reciclagem até a associação com catadores”, pontuou.
O 2º Fórum Norte Paranaense em Gestão de Resíduos Sólidos está sendo realizado na sede do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná (Crea-PR) de Maringá, que é um dos patrocinadores juntamente com o Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea) e a Mútua Paraná.