Historiadora explica a evolução da simbologia do período festivo
Independentemente das crenças, o Natal é um período de fraternidade, caracterizado por luzes, enfeites, troca de presentes e celebração. Mas você já parou para pensar sobre a origem da comemoração de 25 de dezembro? Scarlett Dantas, professora de História do Centro Universitário de Brasília (CEUB), explora a origem desta tradição cultural e seus símbolos, que o tornam uma das festividades mais populares do mundo. Descubra as diferentes datas em que o Natal é celebrado ao redor do planeta e as histórias sobre a figura do Papai Noel.
Natal associado à oração
• No início da Idade Média, o Natal não era associado à diversão, mas sim a um momento de orações. No século XIII, Francisco de Assis teria montado uma peça de teatro representando o nascimento de Cristo, com pessoas reais em trajes antigos.
• Já em 1223, as pessoas foram substituídas por estátuas e esculturas, com figurinos elaborados, montados na estrutura do presépio e com os personagens bíblicos assistindo ao nascimento de Jesus.
• No final da Idade Média, por volta do século XV, o Natal já era comemorado com danças, comidas, brincadeiras e jogos que duravam um ciclo de festividades, que, em geral, iam de 24 de dezembro a 6 de janeiro.
Escolha de 25 de dezembro
• A celebração do Natal, com esse nome, teve início no século IV, quando a Igreja de Roma escolheu 25 de dezembro como a data do nascimento de Cristo, visando facilitar a aceitação do cristianismo pelos pagãos.
• Nesta mesma época, foram integrados à data os elementos cristãos, como os Três Reis Magos, São Nicolau e a Virgem Maria.
Natal em janeiro
• Em virtude da diferença entre os calendários vitoriano e gregoriano e da importância dada à “Epifania”, no Oriente os cristãos comemoram o Natal nos dias 6 e 7 de janeiro.
• Em outros lugares, onde o cristianismo não se desenvolveu de forma notável, como nos países de tradição islâmica, judaica e budista, não há grandes comemorações pelo nascimento de Cristo.
Decoração Natalina
• Povos germânicos anteriores ao cristianismo já cultuavam árvores em sua mitologia. No que se refere à tradição cristã, as árvores se difundiram com a Reforma Protestante, sobretudo na região da atual Alemanha. A primeira referência é da Alsácia e data de 1521, sendo a popularidade vinculada aos invernos rigorosos.
• A disseminação do costume foi gradual. A primeira árvore de Natal no Vaticano, por exemplo, só foi montada em 1982, pelo fato de o papa João Paulo II ser polonês. Desde o século XIX, tornou-se comum adornar o topo da árvore ou com uma estrela – representando Belém – ou um anjo – representando o anjo Gabriel.
Mistura com símbolos pagãos
• As festividades de dezembro têm raízes antigas, relacionadas à observação astronômica e à influência dos fenômenos naturais nas estações e colheitas. Para os romanos, 25 de dezembro significava o solstício de inverno, marcando o renascimento de Mitra, celebrado como “Natalis Solis Invicti”.
• As festas, como a “Saturnália”, honravam Saturno e incluíam tradições como inversão de papéis sociais, decoração com ramos, velas, comida e bebida. Assim, o Natal passou a ser associado a essa data, adotando tradições pagãs adaptadas e integrando-as à narrativa do nascimento de Jesus”.