REINALDO SILVA
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Vinte e sete por cento de reajuste e uma preocupação: como manter o fluxo de vendas sem comprometer a margem de lucros ou desorganizar as finanças? Desde janeiro deste ano, as revendedoras de gás liquefeito de petróleo (GLP), o gás de cozinha, lidam com elevações constantes no preço do produto, resultado da política econômica da Petrobras, que segue os patamares do mercado internacional e a variação do dólar. “O valor chega alto para nós e precisamos repassar aos clientes”, diz a presidente do Sindicato das Empresas de Atacado e Varejo de Gás Liquefeito de Petróleo (Sinegás), Sandra Ruiz.
Os cálculos do Sinegás indicam que janeiro e junho tiveram os maiores índices de elevação, 6% cada. Em fevereiro, março e abril, foram mais 5% cada. Uma pesquisa divulgada pelo Procon de Paranavaí no dia 29 de junho mostro os preços de botijões e cilindros do GLP em diferentes revendedoras. A unidade de 13 quilos, por exemplo, que é a mais consumida em imóveis residenciais, custava de R$ 84 (menor preço) a até R$ 103 (maior preço), ambos para entrega domiciliar.
Empresário de Paranavaí, Celso Perroni conta que em uma só ocasião precisou incorporar R$ 5 ao valor do produto. Além das elevações aplicadas pela Petrobras, os custos operacionais subiram: energia elétrica, água, transporte. Ele também precisa manter a folha de pagamento em dia e pagar os fornecedores, enquanto tenta contornar a queda nas vendas, por causa dos altos preços. Negocia aqui, propõe alternativas ali e faz o possível para não perder a clientela. Mesmo assim, garante, as vendas caíram bastante.
O revendedor de GLP estima que mais de dez empresas do setor fecharam em Paranavaí desde o ano passado até agora. Sandra Ruiz endossa: os reajustes sequenciais favorecem o acúmulo de dívidas, as demissões e até o fechamento de estabelecimentos. Os pequenos não conseguem se manter no mercado, complementa. Segundo a presidente sindical, há mais de um ano os revendedores de gás de cozinha têm absorvido os acréscimos propostos pela Petrobras, estratégia adotada para evitar que os consumidores finais paguem mais pelo produto.
As perspectivas não são favoráveis. Sandra Ruiz afirma que pode haver novas elevações, a depender das oscilações do preço do barril de petróleo, que também interferem nos valores de gasolina e óleo diesel. Na avaliação do empresário Celso Perroni, também não há previsão de reduções nos índices no mercado interno, o que significa que o consumidor final seguirá pagando, no botijão de 13 quilos, quase 10% do salário mínimo, hoje estabelecido em R$ 1.100.