Às vésperas da nova licitação, prevista para o primeiro semestre deste ano, considerações dos usuários precisam ser levadas em conta na elaboração do contrato com a empresa
REINALDO SILVA
Da Redação
Dona Isaurina se apoia nas barras afixadas nas portas do ônibus; uma à esquerda, outra à direita. Faz força com os braços para evitar dobrar demais o joelho comprometido pela osteoporose. Tem dificuldade para subir os degraus, que considera muito altos. A descida também é custosa.
Moradora do Distrito de Sumaré, em Paranavaí, Isaurina Soares de Castro tem 85 anos de idade. Vai ao centro da cidade pelo menos cinco vezes por mês, sempre acompanhada do filho Ângelo Pedro Oliveira.
O discurso simples da aposentada deixa clara a necessidade de investir em equipamentos de acessibilidade nos veículos de transporte coletivo urbano. “A perna fica sem jogo”, diz, simulando movimentos para os lados. “Dói.”
O filho ampara dona Isaurina, atento aos obstáculos que a mãe precisa vencer. Observa algumas características dos ônibus que requerem adequações. “Não tem ar-condicionado, a gente passa calor”, reclama. E sugere: “Poderia ter uma cortina ou uma proteção no vidro, por causa do sol”.
Os horários espaçados também estão na lista de reclamações do passageiro.
O painel de itinerários indica que de segunda a sexta-feira os veículos da Linha 9 – Sumaré via Manoel Ribas saem do terminal urbano em diferentes momentos: 6h, 7h, 8h, 10h30, 11h30, 12h30, 13h30, 16h30, 17h30 e 18h30.
Ângelo Pedro Oliveira contesta a informação. “Só tem ônibus onze e meia da manhã e quatro e meia da tarde. Deveria ter mais.”
LICITAÇÃO – A empresa responsável pelo transporte coletivo urbano é a Viação Cidade de Paranavaí, que firmou contrato com a administração municipal para prestar o serviço. O prazo de validade do documento terminou em 2023, mas foi preciso prorrogá-lo para a estruturação do novo edital de licitação.
De acordo com o secretário de Proteção à Vida, Patrimônio Público e Trânsito, Ademir Giandotti Júnior, um estudo técnico – em fase de conclusão – dará base para o próximo contrato. A expectativa é que seja assinado ainda no primeiro semestre deste ano.
Entre as exigências a serem cumpridas pela empresa vencedora do processo está a instalação de ar-condicionado, wi-fi, tomadas USB e câmeras de monitoramento nos ônibus. Da mesma forma, será necessário que os veículos tenham sistemas de localização em tempo real e de bilhetagem eletrônica.
Uma mudança esperada é a adaptação do tamanho dos veículos de transporte conforme a distância e o número de usuários, permitindo o uso de micro-ônibus e vans. Além disso, existe a possibilidade de extinção do modelo de exclusividade, dando abertura para a atuação simultânea de outras empresas a partir de 2026.
RETORNO – O Diário do Noroeste entrou em contato com a Viação Cidade de Paranavaí em busca de informações sobre as reclamações apresentadas pelos passageiros, a nova licitação e as atuais condições de funcionamento. A equipe de reportagem aguarda retorno.
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