*Salete Bernardino Poscidonio
A escrita, prática de expressar em palavras o que se sente, existe desde as civilizações antigas. É indicada para todos os que desejam libertar os sentimentos reprimidos. Nem sempre a oralidade é a melhor escolha ou a mais fácil quando se busca o alívio das dores da vida e as redescobertas. Então, muitas vezes, o “barulho do silêncio” encontra na palavra escrita mais potência para aquietar a alma e aconchegar o viver.
Ademais, o poder da palavra escrita é transformador para aqueles que se dispõem a se revelar e se enxergar escrevendo, seja para criar ou para colocar no papel aquilo que sente. É uma experiência de autoencontro, na qual materializamos o que se passa na mente sem julgamentos.
Quando colocamos as nossas emoções no papel (ou na tela, em tempos digitais), abrimos um novo caminho para reflexão diante das aflições, medos, inseguranças, ansiedade, rejeição e tudo mais que nos impede de viver com mais leveza, isto é, com menos dor.
Por meio da escrita externalizamos os nossos sentimentos e chegamos a respostas ou, talvez, mais perguntas, também fundamentais para uma vida com mais sentido. As ferramentas para isso são distintas, as propostas podem ser diferentes, mas o fato é que o ato de escrever é poderoso para aqueles que desejam um viver mais leve.
Quando escrevemos um texto, ele deixa de ser nosso e passa a ser do mundo. Quando alguém o lê e se identifica com o tema ou a história, aquelas palavras ganham vida no outro. Portanto, as palavras não existem para ocupar espaços em branco no papel, mas para dar sentido à vida.
Especialistas que atuam com a palavra escrita para ajudar as pessoas em suas descobertas destacam esse potencial das letras, que se tornou ainda mais claro em meio ao enfrentamento da pandemia de covid-19. No período de isolamento social, papel e caneta — ou, se preferir, teclados e telas — provaram-se companhias que podem ajudar a viver com menos solidão e mais solitude em dias de descobertas e buscas internas, com mais compaixão e empatia.
*Salete Bernardino Poscidonio é professora de apoio pedagógico do Colégio Marista Maringá