ADÃO RIBEIRO
Sexta-feira, 24 de dezembro, meio da manhã. Dona Zenaide telefona e informa à redação do DN que será seu último dia de expediente, fechando definitivamente a tradicional Banca do Wiegando, em Paranavaí. É o fim de uma trajetória iniciada em 1964 e que três anos depois se mudou para o endereço definitivo em sede própria, na Rua Marechal Cândido Rondon, ao lado do ponto de táxi.
Em entrevista exclusiva publicada pelo DN em 20 de novembro, a empresária Zenaide Elias de Almeida, 77 anos, confirmou que encerraria as atividades para aproveitar a sua merecida aposentadoria.
Mesmo admitindo uma “pontinha” de saudade, dona Zenaide está contente, pois deu a sua contribuição para o desenvolvimento de Paranavaí e agora pretende viajar, estar com a família e viver o justo fruto do seu trabalho.
Trabalho duro que se iniciava às 6 horas e se estendia até 18 horas de segunda a sábado. Aos domingos, um leve refresco, com expediente até 13 horas. Por isso, após os últimos dias de expediente na velha banca, merece largar o despertador e acordar “na hora que bem entender”.
A compra de jornais, livros, revistas e outras publicações ganham um novo significado, pois deixa de ter a referência do Wiegando. Ainda assim, o trabalho continua com outras empresas paranavaienses, que mantêm o desafio da divisão do espaço com as mídias digitais.
Após a publicação falando do fechamento (em 20 de novembro), Dona Zenaide, viúva do fundador Wiegando Henke, recebeu dezenas de pessoas falando das suas lembranças sobre a banca. Por telefone e redes sociais, falou com gente que vive no exterior e que também tinha coisas a contar, sempre com um ar de nostalgia e de agradecimento.
No plano local, o advogado e escritor Renato Benvindo Frata nos brindou com um texto falando do encerramento das atividades da Banca do Wiegando, publicado na edição do DN de 23 de novembro. Com uma dose de esperança na retomada do empreendimento, encerra: “O amargor do Adeus, eu sei, pode se transformar num até logo.”
Uma grande história – Como a banca sempre foi um lugar de grandes histórias, vamos encerrar com mais uma. Essa foi compartilhada gentilmente pelo advogado e professor/doutor Edmar Lima Cordeiro. Diante da repercussão da matéria de fechamento da empresa familiar, Cordeiro lembrou de quando levava os filhos para comprar gibis na banca.
No tempo da camaradagem, funcionava assim: Cordeiro comprava e Wiegando anotava a lápis numa caderneta, sempre reutilizada. No começo do mês, no dia marcado, um pagava e o outro apagava. Para começar tudo de novo.