Erradicação de plantas contaminadas e aplicação correta de inseticidas nos pomares comerciais são formas eficientes de controlar o avanço da doença
REINALDO SILVA
Da Redação
O Paraná soma 12 milhões de pés de laranja, com predominância de pomares nas regiões Norte e Noroeste. Um quarto desse total, ou seja, 3 milhões, deve ser erradicado em razão do avanço do greening, doença que afeta árvores cítricas e inviabiliza o consumo e a comercialização da fruta.
A estimativa foi apresentada pelo produtor Gilberto Pratinha, de Paranavaí, durante um encontro de citricultores, profissionais técnicos, representantes de cooperativas e indústrias e gestores públicos. O evento, na manhã desta quarta-feira (12), contou com a participação de aproximadamente 150 pessoas.
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A engenheira agrônoma Caroline Garbuio é coordenadora do programa de Sanidade da Citricultura, desenvolvido pela Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar). Ela classificou o cenário como “preocupante”.
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Foto: Guto Costa
O combate ao greening passa, necessariamente, pela erradicação das árvores contaminadas, seja em propriedades comerciais, seja em pomares de subsistência. Um dos grandes problemas, apontou Caroline Garbuio, é identificar e alcançar as plantações abandonadas ou que não recebem o manejo adequado da praga. “Vamos focar nesses produtores, orientar, fazer educação sanitária. Lógico, se houver resistência, temos meios legais, como notificação e autuação.”
De acordo com o gerente regional da Adapar de Paranavaí, Alisson Barroso, a depender da gravidade do caso, o proprietário pode responder criminalmente perante a Justiça, inclusive sob pena de prisão.
O secretário de Agricultura de Paranavaí, Tarcísio Barbosa, foi enfático: o poder público precisa atuar de forma célere e enérgica em relação ao greening. A despeito das reações negativas que acompanham a exigência de corte de árvores, ele ponderou: “Vai ser pior quando não tiver mais pomar e deixar de gerar emprego”.
Desde janeiro de 2024, mais de 1 milhão de árvores foram erradicadas em propriedades não comerciais de Paranavaí, tanto na área rural quanto no perímetro urbano.
Em janeiro deste ano, Barbosa anunciou tolerância zero contra o greening. De lá para cá, a equipe da prefeitura esteve em 250 casas e eliminou 650 plantas cítricas. A ação conta com o apoio da Adapar, de produtores e da iniciativa privada.
CINTURÃO CITRÍCOLA – O engenheiro agrônomo Arthur Fernando Tomaseto responde pelo departamento de transferência de tecnologia do Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus) – associação privada mantida por citricultores e indústrias de suco de São Paulo, cujo objetivo é promover o desenvolvimento sustentável do setor.
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Foto: Guto Gosta
Tomaseto foi um dos palestrantes do encontro técnico em Paranavaí e fez uma análise do cenário no chamado cinturão citrícola, que abrange Minas Gerais, São Paulo e Paraná.
Falou sobre a aplicação eficiente de agrotóxicos para o controle do psilídeo, inseto responsável pela transmissão do greening. Afirmou que há diferentes formas de eliminação, por isso é fundamental levar informações aos produtores.
Depois do aumento da população de psilídeos a partir de 2020 e o consequente avanço da doença nos pomares brasileiros, o manejo correto de inseticida e a erradicação de plantas contaminadas levaram a uma importante conquista em 2024, a redução da quantidade de insetos em 40%. Contribuíram para isso as condições climáticas; altas temperaturas e longos períodos de seca dificultam a proliferação.
CONSCIENTIZAÇÃO – Gerente de Sanidade Vegetal da Adapar, Paulo Roberto Brandão chamou a atenção para a necessidade de ampliar as campanhas de conscientização. Os fiscais sanitários da Agência de Defesa Agropecuária já desempenham esse papel, levando orientações aos produtores.
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Foto: Guto Costa
A resposta tem sido positiva, garantiu Brandão. A maioria dos citricultores entende a gravidade do greening e aceita a determinação de erradicar as árvores contaminadas, o que é essencial para toda a cadeia produtiva, afinal os prejuízos causados pela doença são grandes.
Cálculos apresentados por Gilberto Pratinha indicam que as indústrias de Paranavaí têm capacidade instalada de produção de 20 milhões de caixas de laranja. Em 2023, já sob o avanço do greening, as empresas alcançaram a marca de 18 milhões. Em 2024, foram 11 milhões.
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