Há muitos anos, num pequeno e distante vilarejo, havia um lugar conhecido como a Casa dos mil espelhos.
Certo dia, um senhor muito amável, gentil e risonho tomou conhecimento dela e, curioso, decidiu visitá-la.
Adentrou a Casa dos mil espelhos e viu-se refletido naquele sem fim de imagens. Para sua surpresa, deparou com centenas de olhares gentis sobre si.
Abriu um enorme sorriso e, assim, foi correspondido com mil enormes sorrisos.
Ao sair da casa, pensou: Que lugar maravilhoso! Desejo voltar aqui várias vezes!
Outro senhor, que não era tão amável e gentil quanto o primeiro, também foi conhecer essa casa excepcional.
Ele raramente sorria, reclamava muito diante das circunstâncias da vida e sempre que uma oportunidade lhe aparecia, lamentava-se de seus problemas, tornando-os muito maiores do que realmente eram.
As outras pessoas não lhe eram importantes e pouco valor dava a elas. Por isso, isolava-se e não se preocupava com as dificuldades alheias.
Adentrou a casa e foi enorme o seu espanto quando contemplou mil olhares hostis que o fitavam.
A eles, destinou o semblante carregado, desprezando-os. Virou-lhes as costas e deixou a casa, pensando: Que lugar horrível! Jamais voltarei aqui!
* * *
Um novo ano se inicia.
É momento propício para estabelecermos objetivos, traçarmos metas, renovarmos propósitos.
É momento ideal para avaliarmos os passos que nos trouxeram ao caminho que hoje percorremos.
Quantas são as alegrias, os motivos para estarmos gratos, as razões para comemorarmos?
Quantos são os arrependimentos?
Todos os rostos que diariamente fitamos são espelhos a refletir nossos sentimentos, nossas perspectivas de vida, nossos valores, crenças e esperanças.
Por um instante, prestemos atenção e os contemplemos: o que enxergamos?
Encontramos sorrisos sinceros, amistosos e fraternos? Encontramos rostos amigáveis, gentis e felizes?
Ou, pelo contrário, deparamo-nos com a tristeza, a melancolia, a indiferença?
No ano que desponta, muitos outros espelhos iremos contemplar.
Que imagens veremos neles?
Em meio a tantas possibilidades, uma certeza: se sorrirmos, veremos sorrisos.
Portanto, que nossa maior meta para o ano nascente seja sorrir, com os lábios e com o Espírito.
Sorrisos de caridade, de bondade, de gentileza, de compreensão, de humildade.
Sorrisos de acolhimento, de dedicação, de esforço, de disciplina, de generosidade, de fé, de gratidão.
Sorrisos de amor!
* * *
Um ano só é realmente novo quando nos renovamos, tornando-nos novos também.
Recordemos as palavras do poeta: Para ganhar um ano novo que mereça este nome, você, meu caro, tem de merecê-lo, tem de fazê-lo novo.
Eu sei que não é fácil, mas tente, experimente, consciente. É dentro de você que o ano novo cochila e espera desde sempre.
Pensemos nisso! Feliz Ano Novo!
Redação do Momento Espírita, com base em conto de autoria ignorada
e com citação final do poema Receita de Ano Novo, do livro homônimo
de Carlos Drummond de Andrade, ed. Companhia das Letras.
Correspondência para:
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