“Eu Convido Você” reúne poemas e crônicas inéditas de um dos grandes nomes da cultura de Paranavaí; projeto inclui declamações em escolas e oficinas de leitura e escrita criativa
Cibele Chacon
Da redação
Mais de vinte anos se passaram desde o lançamento de Buquê de Estrelas, primeira coletânea de poemas do médico e escritor Altino Afonso Costa, quem dá nome ao Teatro Municipal de Paranavaí. Agora, mesmo após sua partida, o autor volta a tocar o coração de leitores com uma nova obra: Eu Convido Você. Reunindo textos inéditos, escritos à mão, o livro é um convite sensível à reflexão, à contemplação e à urgência de aproveitar a beleza da vida enquanto há tempo. O lançamento acontecerá no dia 25 de abril, às 20h, na Aciap e, posteriormente, no dia 9 de maio, às 19h30, na Unespar.
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A publicação é fruto de um trabalho de dedicação e carinho do produtor cultural Amauri Martineli, amigo pessoal do autor e responsável por digitar e organizar os manuscritos deixados por Altino. “Doutor Altino deixou muitos poemas e crônicas escritas, à mão. Estavam em meu poder, porque aos poucos eu ia digitando. Ele queria lançar esse segundo livro, tinha até dado o título e escrito o prefácio, mas, infelizmente, faleceu antes”, conta.

Assim como ocorreu com o primeiro livro, Buquê de Estrelas, Amauri já vinha digitando os novos textos de forma gradual. Os escritos repousavam em sua escrivaninha, sempre à vista. “Foi muito emocionante, porque a cada palavra, a cada poema, eu sentia o Altino ainda vivo em suas palavras e pensamentos”, relata.
Segundo Martineli, Eu Convido Você se diferencia da primeira obra por ser ainda mais poética e intimista. “Altino via poema em absolutamente tudo que ele tocava. Sua vontade de escrever sobre as coisas da vida era imensurável. As crônicas, inspiradas em fatos reais de sua infância e adolescência, e os poemas têm uma dose de sensibilidade mais crítica e aguçada. É uma obra mais próxima do público”, afirma.

Altino escreve sobre o amor com uma dose sincera de realidade, convidando o leitor a aproveitar o presente. “Ele toca muito na questão de aproveitar o tempo que nos resta de vida e simplesmente viver o agora!”, reforça Martineli.
O título do livro, escolhido pelo próprio autor ainda em vida, carrega o desejo de caminhar junto com o leitor. “O autor não quer seguir sozinho pelos caminhos bons da vida, ele quer mostrar para as pessoas que elas também podem aproveitar o que há de melhor em tudo. Por isso ele sugere: ‘Eu convido você / Para olhar a lua e as estrelas, / Quando o sol se esconder’. É como se dissesse: ‘vem comigo e vamos juntos trilhar esse caminho lindo’. Eu acredito nisso”, emociona-se o produtor.
O livro também revela o olhar poético e mágico de Altino sobre as coisas mais simples: uma Belina 77, uma teia de aranha, o som dos cocos quebrando na cozinha para fazer bombons, ou uma antiga caçada de patos. “Se a pessoa se sensibilizar com qualquer momento em sua vida, ela pode passar isso para o papel, com uma caneta e com a alma. A simplicidade é o que transforma tudo em coisas especiais.”
Amauri revela ainda o desafio que foi lidar com os manuscritos. “O maior desafio foi algo interno. A responsabilidade dos originais todos guardados comigo. Às vezes, a caligrafia de médico e o receio de não entender determinada palavra. Mas a determinação foi muito mais forte e sufocou essas angústias durante as noites em que eu passava digitando os trabalhos.”
Altino Afonso Costa foi uma figura muito querida na cena artística e cultural de Paranavaí. Médico pediatra, cuidava das crianças com dedicação, mas também tinha o dom de cuidar da alma, através da escrita. “Os mais velhos vão ficar felizes com esse trabalho aguardado há mais de duas décadas. Os mais novos poderão conhecer seu trabalho e entender que ele não era apenas um médico de corpos, mas também um médico de almas.”

Além do lançamento do livro, o projeto prevê a apresentação de alguns poemas da obra em colégios da periferia de Paranavaí. A declamação será feita por atores locais, promovendo a aproximação dos jovens com a literatura. Em duas dessas escolas, também acontecerão oficinas de leitura e escrita criativa, com atividades voltadas à sensibilidade e à criação, todas inspiradas nos textos do autor.
O projeto é um tributo não apenas à memória de Altino Afonso Costa, mas também à literatura como ponte entre gerações, realidades e sensibilidades. O projeto é financiado com recursos da Fundação Cultural – Prefeitura de Paranavaí, Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura e Ministério da Cultura – Governo Federal.