Depósito inapropriado de objetos e resíduos nos quintais e o descarte irregular de lixo em terrenos baldios e espaços públicos criam condições para a ascensão de casos da doença
REINALDO SILVA
Da Redação
“A gente orienta, mas quem é que faz a limpeza? É a população. Quem é que joga lixo nos terrenos baldios? É a população. A dengue, eu posso dizer, com propriedade, que 90% é responsabilidade da população.”
As palavras da secretária de Saúde de Paranavaí, Andreia Vilar, chamam a atenção para a falta de cuidados dos moradores dentro e fora de casa. O depósito inapropriado de objetos e resíduos nos quintais e o descarte irregular de lixo em terrenos baldios e espaços públicos favorecem a proliferação do mosquito transmissor da dengue, Aedes aegypti, criando condições para a ascensão de casos da doença.
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Nesse sentido, os mutirões de limpeza configuram importante estratégia. De acordo com o assessor municipal de Combate a Endemias da Vigilância em Saúde, Tiago Dias de Almeida, foram sete ações ao longo de 2025, alcançando o Centro, o Conjunto Habitacional Luiz Lorenzetti, a Coloninha do Jardim São Jorge, o Jardim Morumbi e a Vila Operária.
“O serviço está surtindo efeito. Paranavaí sempre foi uma das cidades com maior número de casos de dengue, mas [neste ano], per capita, Paranavaí é a que menos tem”, avaliou Almeida.
A intensificação de esforços do poder público incentiva a população, conforme apontou a secretária de Saúde. “Mobiliza as pessoas a entenderem que precisam fazer o que é de responsabilidade delas.” Acrescentou: “A prevenção é o melhor caminho”.
Dados mostram o cenário da dengue em Paranavaí ao longo do ano. Para comparar: de 5 a 11 de janeiro, a Vigilância Epidemiológica registrou oito casos positivos de dengue; de 9 a 15 de fevereiro, 45; e de 16 a 22 de março, 113.

Foto: Arquivo DN
O município alcançou o auge entre 23 e 29 de março, com 130 confirmações. Desde então, foram anotadas quedas consecutivas: de 30 de março a 5 de abril, 112 diagnósticos da doença; de 6 a 12 de abril, 80; e de 13 a 19 de abril, 20. Ainda pode haver atualização dos números em razão de tempo de lançamento das informações no sistema.
Coordenadora municipal da Vigilância Epidemiológica, a enfermeira Juliani Pereira Pauka reiterou o papel dos mutirões de limpeza no controle populacional do Aedes aegypti. “As ações não pararam em nenhum momento.”
Além do trabalho integrado dos agentes de combate a endemias (ACEs) e comunitários de saúde (ACSs), os fiscais sanitários contribuem com as notificações de proprietários de imóveis em situação irregular.
Sobre a retração evidente a partir da primeira semana de abril, Juliani Pereira Pauka destacou outro fator: as mudanças nas condições do tempo. Com temperaturas mais baixas, o ciclo de reprodução do Aedes aegypti se torna mais lento, o que reduz a quantidade de insetos alados circulando pela cidade.

Foto: Arquivo DN
Conscientização – A secretária de Saúde também ressaltou o papel das campanhas educativas desenvolvidas nas escolas municipais. “As crianças levam as informações para casa. Elas são fundamentais para nós.”
E se as palavras surtem efeito por si sós, imagine se houver novos incentivos? Essa é a aposta de Andreia Vilar, que falou de um projeto da secretaria para envolver ainda mais a população no combate à dengue.
Grosso modo, os agentes atestarão as boas condições de higiene dos quintais residenciais com cartões e carimbos. Com foco nas casas em que residirem crianças, a soma de três carimbos dará direito a um boneco de pelúcia. Serão diferentes modelos, fazendo referência a água limpa, água suja, vaso de flor, pneu e mosquito.
“Eles [os moradores] vão poder fazer coleção. As crianças vão enlouquecer.” Na ânsia de ampliar o número de pelúcias, os filhos cobrarão dos pais a limpeza de casa, assim disse esperar a secretária de Saúde. “Estamos trabalhando nesse projeto.”