Integrante do Gralha Azul e do grupo da terceira idade do Sesc Paranavaí, o artista acumula experiências e esbanja simpatia
ANA CECILIA PAGLIA
REINALDO SILVA
Da Redação
Bem-humorado, contador de histórias, cantor e multi-instrumentista. Josias de Oliveira tem a alma desenhada pela música e estampa essa paixão no nome artístico, que pronuncia com orgulho: Josias do Acordeon.
Aos 75 anos, ele acumula experiências. Traz na memória episódios que fazem os olhos brilhar e motivam sorrisos sinceros, daqueles que nascem de quem viveu intensamente e se dedicou a aprender, a pôr em prática e a ensinar.
Quando criança, era muito tímido e preferia o silêncio às interações sociais, mas encontrou na música o caminho para se integrar. “Para cantar, eu me sentia mais à vontade.” Tanto que, enquanto os amigos não tinham coragem, sempre assumia a dianteira e cantava, conquistando aplausos e elogios.
Decidiu tocar instrumentos, porém não tinha condições financeiras para comprar. O jeito era pedir emprestado de amigos e praticar. Com muito esforço e algumas dicas aqui e ali, foi pegando o jeito e se acostumando com os ritmos, as notas e os acordes.
Depois do violão e do acordeon, se dedicou à guitarra, ao teclado, ao cavaco, à percussão. Levou o conhecimento adquirido para bares e eventos sociais. Entre episódios felizes e momentos nem tão bons assim, consolidou a carreira profissional e despertou admiração por onde passou.
Gralha Azul – Mesmo com uma grande caminhada na música, ficou surpreso quando recebeu o convite para participar do grupo Gralha Azul. O chamado veio de Dorival Torrente, nome conhecido no cenário cultural de Paranavaí. Faltando sanfoneiro na banda, foi a oportunidade perfeita para Josias do Acordeon.
Seria uma grande responsabilidade, mas estava disposto a tentar e aprender. Entrou no grupo aproximadamente dois anos antes da morte de Paulo Cesar de Oliveira, mais conhecido como Paulinho, grande nome do cenário cultural de Paranavaí, um dos fundadores do grupo musical, com quem mantinha amizade.
Além do Gralha Azul, Josias participa do grupo de canto da terceira idade do Sesc Paranavaí. Antes de entrar, escutou sobre essa iniciativa e achou legal; queria fazer parte. Começou a levar o acordeon nos primeiros encontros, o que foi bem recebido pelos companheiros. Conhecedor de educação musical, ajudava as mulheres do grupo a ajustar o tom das vozes delas para ficarem mais fluídas durante as músicas.
Como todo artista, Josias do Acordeon fez diversas viagens para se apresentar com os dois grupos – Gralha Azul e Sesc. Antes disso, quando compunha um trio sertanejo, também fazia shows pelo estado, conhecendo cidades, pessoas, vidas.
Prosa e música – Se fosse possível, passaria horas relatando os dias de outrora. Repertório não lhe falta. Mas o tempo é curto – para o lamento dos entrevistadores, envolvidos na fala simples, leve, divertida e repleta de ensinamentos.

Foto: Ivan Fuquini
É claro que não poderíamos perder a oportunidade. No mesmo espaço, estúdio do Diário do Noroeste, havia um microfone, um acordeon e um grande artista. Então, por que não pedir para dar uma palhinha?
Josias do Acordeon se prepara na cadeira, ajeita o instrumento musical e começa a dedilhar. Toca trechos de clássicos brasileiros, como “Beijinho Doce”, de Tonico e Tinoco, e “Asa Branca”, de Luiz Gonzaga, que, por sinal, é uma das grandes inspirações. A equipe do DN assiste e se inspira.
Antes de concluir o bate-papo, Josias do Acordeon dá uma dica valiosa para quem pensa em aprender e fazer da música parte da vida. “Insista, vá até onde der, seja resiliente. Se não deu certo agora, quem sabe amanhã?”
Ele fez isso. Acumulou aprendizados. Viveu de forma plena. Insistiu, persistiu e venceu. Hoje, fala da música como instrumento de transformação. Aquele garoto tímido se tornou um homem da arte. Josias do Acordeom pode olhar para trás e admirar toda a história que construiu com a música.
Assista aos principais trechos da entrevista no canal do Diário do Noroeste no YouTube.