Após caso em granja comercial no RS, autoridades e especialistas reforçam que consumo é seguro se alimentos forem bem cozidos
Cibele Chacon
Da redação
A confirmação do primeiro foco de gripe aviária em uma granja comercial no Brasil, anunciada pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) na sexta-feira (16), levantou dúvidas entre os consumidores, especialmente sobre a segurança no consumo de frango e ovos. O registro foi feito no Rio Grande do Sul, e trata-se do primeiro caso da doença em sistema de avicultura comercial do país.

Apesar da repercussão, a orientação das autoridades sanitárias é clara: não há risco no consumo dos produtos de origem avícola que passam por inspeção oficial. Em nota divulgada pela pasta e reproduzida pela Agência Brasil, o Ministério afirmou:
“A população brasileira e mundial pode se manter tranquila em relação à segurança dos produtos inspecionados, não havendo qualquer restrição ao seu consumo. O risco de infecções em humanos pelo vírus da gripe aviária é baixo e, em sua maioria, ocorre entre tratadores ou profissionais com contato intenso com aves infectadas (vivas ou mortas).”
Em Paranavaí, a infectologista Eliane Floté reforça que, do ponto de vista da saúde pública, não há motivo para pânico. “O consumo de carne de frango e ovos não oferece nenhum risco de contaminação pela gripe aviária desde que bem cozidos. O vírus não sobrevive ao cozimento. O cozimento também é importante para evitar a contaminação por bactérias, como a Salmonella, comum nesse tipo de alimento cru”, explicou.

A especialista chama atenção ainda para cuidados básicos que devem ser adotados durante o preparo dos alimentos. Ela destaca a importância de evitar o consumo de alimentos crus ou mal cozidos, higienizar bem as mãos e os utensílios antes e depois da manipulação, e utilizar tábuas e facas separadas para alimentos crus e cozidos. “Esses cuidados devem ser contínuos, não apenas agora devido aos casos de gripe aviária”, afirma.
Apesar de rara, a transmissão da gripe aviária para humanos pode acontecer, mas está relacionada a situações muito específicas. A médica esclarece que o risco está no contato direto e sem proteção adequada com aves infectadas. Portanto, trabalhadores que atuam em granjas ou no manejo de aves doentes são os que exigem maior atenção e proteção individual. “Não há risco no consumo dos alimentos consumidos de forma correta”, pontua.
Explicando – A influenza aviária, conhecida como gripe aviária, é causada por vírus do tipo influenza originários de aves, pertencentes à família Orthomyxoviridae, como o A(H5N1). Embora afete principalmente aves, o vírus também já foi identificado em mamíferos, incluindo bovinos. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), surtos vêm sendo registrados desde 2006, sobretudo na Ásia, África e no norte da Europa.
No Brasil, os casos registrados até agora envolviam apenas aves silvestres. Com o novo registro em uma granja comercial, as autoridades redobraram a vigilância, mas garantem que o sistema de controle sanitário brasileiro segue rígido. A cadeia produtiva está sendo monitorada para evitar a disseminação do vírus e preservar a segurança dos alimentos.