REINALDO SILVA
Da Redação
Vinte e oito pessoas que vivem em situação de rua em Paranavaí estão cadastradas na rede municipal de assistência social. Elas formam o público-alvo dos acolhimentos temporários, estratégia adotada durante o inverno para oferecer-lhes abrigo adequado nas noites mais frias. As três operações deste ano já garantiram atendimento a 30 moradores.
A ação mais recente começou na noite de segunda-feira (23), uma resposta da Secretaria de Assistência Social diante da previsão de 3°C para a manhã seguinte, na terça-feira (24).
Apenas duas pessoas responderam à abordagem e dormiram no Centro de Eventos, onde há instalações adequadas para acomodá-las, banheiros, colchões, lençóis e cobertores, assessórios essenciais para a menor temperatura do ano, que ficou abaixo do valor esperado, descendo a 2,7°C às 7h30. Pouco antes, às 7h, a sensação térmica foi de -1,3°C.
A equipe faria nova busca na noite de terça-feira, a fim de identificar e levar outras pessoas ao abrigo, afinal, a presença massa de ar polar sobre Paranavaí ainda prometia frio intenso. Por volta das 17h, o site do Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar) indicava a possibilidade de registrar 4°C.
De acordo com a secretária municipal de Assistência Social, Letícia Leziane, nem todos os abordados aceitam ir ao Centro de Eventos para pernoitar. Normalmente são pessoas que vivem em terrenos ou construções abandonadas e tem perder o território em caso de ausência. Preferem permanecer nesses locais mesmo nas noites mais frias.

Foto: Cauê Harfuch
Outro ponto de resistência é o fato de não poderem consumir bebidas alcoólicas e outras drogas. Também não podem portar objetos cortantes ou perfurantes. As regras limitam o horário de entrada, até 21h, e de saída, até 7h30. A Guarda Municipal faz a supervisão dos abrigados.
Quem rejeita o convite e opta por ficar no local da abordagem recebe cobertor e alimento para se aquecer durante a noite.
Apesar de todas as imposições, vistas como negativas pelas pessoas em situação de rua, mas necessárias para que os acolhimentos temporários sejam seguros e efetivos, a adesão tem sido positiva. Segundo a secretária de Assistência Social, na primeira operação, entre os dias 28 e 30 de maio, foram oito abrigados; e nos dias 10 e 11 de junho, 20.
Letícia Leziane explicou que a recomendação da Defesa Civil é que a estratégia seja colocada em prática sempre que a previsão indicar temperaturas abaixo de 13°C. Significa que a operação de acolhimento temporário pode se repetir outras vezes durante o inverno, a depender das condições do tempo. Desta vez, deve se estender até esta quarta-feira (25).
A comunidade pode participar da ação. Ao identificar pessoas em situação de rua, a orientação é informar sobre a existência do serviço e indicar a busca por assistência no Centro de Referência Especializada de Assistência Social (Creas). É possível informar a situação à equipe técnica pelo telefone (44) 3902-1017, mas o atendimento é feito apenas em horário de expediente, não havendo plantão noturno.