Ary Bracarense Costa Junior e Técia Consalter Costa integraram a ONG Sementes da Saúde em ação que realizou milhares de atendimentos médicos e sociais em comunidades carentes africanas
Cibele Chacon
Da Redação
O casal Ary Bracarense Costa Junior e Técia Consalter Costa, de Paranavaí, acaba de retornar de uma missão voluntária internacional em Angola, no continente africano. Convidados pela diretora da ONG Sementes da Saúde, eles participaram de uma ação que somou 4.306 atendimentos clínicos, 447 odontológicos e 250 cirurgias em comunidades em situação de vulnerabilidade.
Segundo Ary, o convite veio ao encontro de um sonho antigo. “Confesso que no primeiro momento me deu um ‘frio’ na barriga, por no íntimo acreditar que já sabíamos o tamanho, a dimensão de tanta responsabilidade. Mas sim, o convite veio ao encontro de um sonho de não só conhecer o continente de nossos antepassados, mas sobretudo, por saber que poderíamos, junto com todos esses anjos da área médica, fazer um pouquinho pelos irmãos africanos.”
A missão teve duração de 15 dias e foi dividida em duas equipes. Uma delas, composta por médicos e cirurgiões, atuou no Hospital Geral de Luanda. Ary e Técia integraram a outra frente de trabalho, atuando diretamente nas comunidades e escolas carentes, auxiliando na entrega e organização dos medicamentos.
“Ajudamos milhares de vidas, pois infelizmente a cólera e a malária são doenças cuja prevalência é regra e não exceção, somando-se ainda a restrição alimentar conhecida como fome. Apesar das dificuldades e burocracias, conseguimos levar quase duas toneladas de medicamentos, cuja população mais carente não tem acesso”, explicou.

Além das comunidades, a equipe realizou atendimentos em duas escolas — Baluarte e Jobabe — e também em uma unidade básica de saúde, onde foram feitos 450 atendimentos com entrega de medicamentos.
O casal destaca que a experiência foi marcada por aprendizados profundos. “Choramos, compartilhamos, aprendemos, vimos coisas que não deveriam existir no planeta, mas sobretudo vimos a força, o sorriso, a resiliência, a capacidade de superar, a alegria, a generosidade, o abraço e o sorriso sincero do povo africano.”
Para eles, a transformação não foi apenas comunitária, mas pessoal. “Toda viagem gera reflexão e aprendizado. Diria que todos nós precisamos sair da própria zona de conforto, da nossa bolha de privilégio. Fazer algo pelo próximo, seja aqui ou em qualquer lugar do mundo. Isso amplifica nossa percepção de vida”, contou Ary.
A atuação social do casal também se estende ao Brasil. Junto com os filhos e amigos, participam de ações do projeto TETO PR, que constrói casas emergenciais em comunidades vulneráveis. “Fui inspirado pelos meus filhos João Bracarense e Andressa Consalter. Somos eternamente gratos. Eles nos tiraram da bolha.”
A manutenção financeira da missão foi feita por meio de doações, vaquinhas online e apoio de laboratórios. Cada voluntário arcou com suas despesas pessoais. “Quando se viaja numa missão humanitária, sempre há desafios, onde vamos dormir, risco de contrair doenças, tomar banho frio e outras dificuldades que não têm a menor importância diante do propósito que é ajudar. Somente um sorriso de uma criança já valeu tudo a pena.”

O sonho agora é seguir ajudando. “Meu sonho é que tenha forças e saúde para continuar trabalhando junto com esses missionários do bem. Que muitas sementes sejam plantadas e germinadas. Fazer o bem é contagioso. É só começar que não quer mais parar.”
Para Ary, a zona de conforto é uma região onde paralisa o crescimento humano. “É o local onde as pessoas se acomodam. Nela não existe medo, desafios ou insegurança. Olhar a vida sob outra perspectiva. Ter empatia ao próximo e lembrar sempre da frase de Madre Teresa de Calcutá: ‘As mãos que ajudam são mais sagradas do que os lábios que rezam’. É uma profunda reflexão sobre colocar a fé e a compaixão através de atos de ajuda e solidariedade.”