Em entrevista exclusiva ao Diário do Noroeste, Mauricio Gehlen falou sobre trânsito, infraestrutura, problemas do comércio do centro da cidade e questões de saúde, entre outros tópicos
ADÃO RIBEIRO
O prefeito de Paranavaí, Mauricio Gehlen, visitou a redação do Diário do Noroeste na última quarta-feira (16). Acompanhado do secretário de Comunicação Kleber Nascimento, o administrador concedeu entrevista quando reiterou a opção por grandes projetos de infraestrutura, medidas que gerem desenvolvimento e qualidade de vida. Tratou de polêmicas como trânsito, necessidade de revitalização do centro comercial e demonstrou confiança no êxito da gestão. Defensor da reforma política, não se escondeu quando o assunto é reeleição. Nos meios políticos, é considerado natural que pleiteie o segundo mandato.
Sobre o balanço dois seis primeiros meses, diz que está satisfeito por ter colocado em prática o que planejou. Faz observações quanto aos trâmites burocráticos e à velocidade de algumas ações do serviço público. Entende os limites da burocracia e divide os méritos com a equipe de secretários e demais colaboradores.
Ele informa que a gestão atual já protocolou 166 projetos junto ao Estado, à União, a Itaipu Binacional e a outros setores públicos. A efetivação depende dos desdobramentos e também da ação política. Adverte que não fará promessas e só anunciará fatos concretos.
Política
No mês de abril, em evento na Guarda Mirim, o ex-prefeito Rogério Lorenzetti citou a reeleição e considerou legítimo o pleito, caso se concretize. Ghelen prefere a cautela. Lembra que está em trâmite uma proposta de mudança na legislação eleitoral unificando os pleitos, classificada por ele como “um sonho”. Pela ideia, seria um mandato de seis anos na eleição de 2028 e, a partir daí, coincidindo as gestões em todas as esferas, ou seja, renovação de todos os mandatos a cada cinco anos a partir de 2034 para os cargos executivos.
Nessa sugestão, Gehlen teria, em caso de nova vitória, dez anos de mandato. Complementa que atualmente os quatro anos de mandato, com eleição a cada dois anos, deixa pouca margem para o gestor. O primeiro orçamento é sempre da gestão anterior, no segundo tem nova eleição na esfera federal e para governos. Divide com os partidos aliados a definição sobre o futuro. Destacando ser opinião pessoal, o prefeito tem poucas esperanças na aprovação das mudanças por conta do cenário político. “Defendo mandatos de cinco anos sem reeleição”, reforça.
Sobre o trânsito
O prefeito destaca as ações rápidas quando houve tragédias no trânsito, incluindo a morte em acidente de um motociclista na Avenida Heitor Alencar Furtado em janeiro e o atropelamento fatal de uma aposentada na Avenida Distrito Federal em maio. No primeiro caso, determinou o fechamento dos acessos da via marginal para a pista central da Heitor Furtado. No segundo acidente, promoveu a implantação de quebra-molas na Distrito Federal e estudos para implantação de semáforos.
Concorda que são paliativos e acena com mudanças profundas com um novo plano viário para a inclusão dos chamados contornos Norte e Sul, com remodelação total da Heitor Furtado. São grandes investimentos e que demandam estudos de impacto ambiental e social, além de desapropriações para alargamento das vias, por exemplo. “É muito burocrático e complexo”, ressalta. Por outro lado, lembra que há uma lei de mobilidade urbana aprovada na gestão anterior e que precisa ser seguida.
Ele informa que há um grande volume de recursos financeiros e obras de médio e longo prazos. Um exemplo da complexidade é a Avenida Tancredo Neves. Revolucionária há mais de três décadas, hoje é insuficiente para fazer o trânsito fluir. Uma entrada da cidade com mais infraestrutura e devidamente sinalizada é outro desafio, aponta Gehlen. Parte das sugestões já está com o Governo do Estado.
Centro da cidade
Na mesma lógica de rever as condições das avenidas está a revitalização do centro da cidade. Mauricio Gehlen concorda que é preciso buscar alternativas de valorização da área central. Opções como calçadão e um novo projeto de calçadas estão em debate. Os temas são sensíveis e dividem opiniões. Em outras oportunidades, sempre que debatida, a alternativa de um calçadão esbarrou na falta de consenso. Os projetos acabaram engavetados.
Outro tema sensível é o grande volume de prédios fechados, especialmente na Rua Manoel Ribas. A solução igualmente passa por diálogo, já que não se trata unicamente da visão do prefeito. Sem entrar no mérito, opina que os proprietários devem ponderar questões como valores de aluguel e outras medidas de fomento. O importante, analisa, é que o município está fazendo estudos para dar condições melhores para empresários já estabelecidos e condições para quem ainda não está consolidado para que possam ocupar os locais fechados. Achar um meio termo em questão de valores de aluguel e outros. Um dos caminhos pode ser a atualização de valores dos imóveis, o que nem depende da vontade do gestor e, sim, de base legal. Por outro lado, a atualização dá segurança na hora de vender ou declarar.
Remodelação
O prefeito adianta que conseguiu uma parceria com a Fecomércio (Federação do Comércio) através do vice-governador Darci Piana para um grande estudo da área central visando ao planejamento de um centro novo. Em síntese, um diagnóstico e um prognóstico apontando para as ações necessárias.
Mauricio Ghelen espera que a comunidade igualmente amadureça o diálogo na busca pelo melhor caminho. Uma das alternativas, cujo debate volta de tempos em tempos, é a efetivação de um calçadão com prioridade para a circulação de pessoas em compras. O assunto é polêmico e tem opiniões para todos os gostos.
Saúde
Na saúde, a administração tem buscado eficiência. Para tal, quer otimizar os recursos e conta com a ajuda das pessoas para o uso racional dos serviços de saúde. O gestor reforça o coro sobre a necessidade de abrir os leitos ainda fora de operação que integram a Unidade Morumbi da Santa Casa de Paranavaí.
No âmbito das competências municipais, diz que tem feito mutirões para reduzir as filas de especialidades. Também lamenta que cerca de 25% das pessoas agendadas para os mutirões de ortopedia e oftalmologia simplesmente não apareceram com a prefeitura bancando mais esse custo.

Atualmente a cidade investe 28% do orçamento em saúde, muito superior ao índice constitucional de 15%. Por falar em percentual, o prefeito pede uma nova forma de investir o orçamento global do país. Atualmente são previstos 25% para a educação, enquanto as maiores demandas estão na saúde. Assunto parado na mão de autoridades, pondera.
A implantação da telemedicina é outra proposta que deve colaborar para reduzir as filas da saúde e que vem sendo trabalhada desde o início do mandato. Mesmo com o sistema integrado, Gehlen aponta ser inadmissível a realização de exames fora de Paranavaí quando há clínicas e laboratórios com capacidade de atendimento dentro do município.
Ele também engrossa a defesa pelo curso de Medicina que Paranavaí pleiteia em concorrência com outros municípios. Será um grande avanço para a saúde e para a economia, acredita.
Corrida Maluca
O prefeito ainda fala sobre a vida cultural da cidade e a utilização dos espaços públicos de lazer. Ele faz o convite para que a comunidade participe da Corrida Maluca, evento que viverá a quarta edição e que alcançou notoriedade estadual, fazendo parte do calendário oficial de eventos. A Corrida Maluca e o Caiaque Maluco ocorrem nos dias 30 e 31 de agosto no Parque Ouro Branco.
A visita ao Diário do Noroeste foi realizada na manhã da última quarta-feira. O prefeito estava acompanhado de assessores, além do secretário de Comunicação Social, Kleber Nascimento, e do presidente da Fundação Cultura, Rafael Torrente.