Definições ficam para o começo do próximo ano e passa por aglutinar um conjunto de lideranças
ADÃO RIBEIRO
O senador Sergio Moro (União) aparece com destaque nas pesquisas de opinião como um dos nomes viáveis para a eleição a governador do Paraná em 2026. Ele admite disputar, mas enumera algumas condições. Entre os requisitos estão a costura de apoios dentro do espectro político de direita e de centro. Outro tema que vai pesar na sua decisão é o cenário nacional na perspectiva de derrotar eventual campanha de reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Moro participa de uma série de atividades na Região Noroeste e nessa sexta-feira (18) visitou a redação do Diário do Noroeste, quando concedeu entrevista exclusiva.
Detalhando a sua visão, Moro lembra que tem compromisso com o povo paranaense no Senado. No plano estadual, cita o orgulho de um estado forte em diversos segmentos da economia e com um setor privado consolidado. No entanto, adverte, o Paraná tem problemas graves para resolver, alguns se estendendo há mais de 40 anos. Enumera questões de infraestrutura como estradas, geração de energia elétrica e temas portuários. Entende que o Paraná deve pensar também no avanço da tecnologia da informação e no desenvolvimento da inteligência artificial.

Sobre estradas, ressalta que há um novo modelo de concessão em andamento e que deve representar avanço em relação ao anterior, encerrado recentemente. Ele analisa que os novos pedágios devem ter preços adequados e formas mais claras de acompanhamento dos investimentos e das obras previstas nos contratos. A região de Paranavaí, por exemplo, vive a fase de concorrência para definição da empresa que vai administrar um trecho da BR-376 com praça de pedágio em Guairaçá e duplicação de Paranavaí até Nova Londrina.
Reconhecendo os avanços econômicos e sociais paranaenses, Moro aponta questões de segurança pública que, segundo ele, podem avançar. A referência, avalia, deve ser o estado vizinho de Santa Catarina, e não unidades da federação como Rio de Janeiro e Bahia, entre os mais violentos nacionalmente.
A viabilidade da eventual campanha passa pelo alinhamento político. O senador lembra que o seu partido (União) está trabalhando a federação com o PP. Paralelamente, conversará com outras siglas que se alinham ao liberalismo econômico e bandeiras como família e políticas de combate à corrupção.
Articulação regional – No caso da Região Noroeste, Sergio Moro entende que ainda é cedo para definições de candidatos a deputado federal e estadual que possam encorpar eventual campanha para o Governo. Ele lembra que Paranavaí tem importantes representantes como o deputado federal Tião Medeiros e o deputado estadual Doutor Leônidas Fávero.

Ainda no plano regional, destaca a atuação do delegado Carlos Henrique Rossato Gomes (Delegado KIQ), prefeito de Paranavaí por dois mandatos (2015/2022), e que integra a sua assessoria no Senado. Informa que KIQ deve oferecer gratuitamente uma assessoria aos municípios sobre implantação de guardas municipais, nos moldes de Paranavaí. “O KIQ tem experiência e é muito bem avaliado”, sintetiza. Sobre uma eventual candidatura do ex-prefeito em 2026, o senador avalia que “ainda é cedo”.
O ex-juiz, função que ocupou por 22 anos, também falou sobre o cenário nacional. Lamentou algumas decisões do Supremo Tribunal Federal (STF), que considera interferência no Poder Legislativo. O caso mais recente foi o restabelecimento das tarifas de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), pelo Governo Federal, após derrubada pelo Congresso. Moro opina que o aumento do imposto vai impactar todas as cadeias produtivas e os mais pobres e não apenas “os ricos, como diz o Governo”.
Ele também tem visão crítica sobre a postura do Brasil em relação aos Estados Unido da América, país que anunciou tarifas de 50% sobre as importações de produtos brasileiros a partir de agosto. Para o ex-ministro, o Governo não tem habilidade para negociar e exagera nos posicionamentos contrários ao atual presidente estadunidense, Donald Trump.
Sergio Moro ainda abordou assuntos como a regulação da internet (Marco Civil) e a pouca agilidade do Congresso para firmar posição em alguns temas relevantes. A entrevista completa com o senador Sergio Moro está disponível no canal do YouTube do Diário do Noroeste.