CIBELE CHACON E MONIQUE MANGANARO
Da Redação
“Mulheres estão sendo brutalmente assassinadas apenas por serem mulheres”. O trecho do discurso da presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher, Sirlei Maria Shuroff Mira, conceitua o crime de feminicídio. A fala fez parte da manifestação realizada no município nesta terça-feira (22) para lembrar o combate ao crime que matou 1.450 mulheres no Brasil somente no ano passado.
A 3ª Caminhada do Meio-Dia marca o Dia Estadual de Combate ao Feminicídio, e ocorreu de forma simultânea em 181 cidades do Paraná. Em Paranavaí, manifestantes se reuniram na Praça dos Pioneiros e caminharam até a Prefeitura Municipal. Em mãos, bexigas brancas e cartazes com apelos pedindo o fim da violência contra a mulher.

Entre os participantes estavam familiares de Cristiane Roberta da Silva, moradora de Paranavaí assassinada em 2023, aos 42 anos. O suspeito de cometer o crime é ex-marido de Cristiane, que está preso. Segundo a Polícia Militar (PM), ele teria matado a ex-companheira a facadas e em seguida ateado fogo na casa onde ela estava.

No discurso, a presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher lembrou que o crime é uma realidade também em Paranavaí e destacou que as mulheres não podem conviver com o medo de simplesmente existir. “A caminhada não é apenas um ato simbólico. É um grito coletivo por justiça, por vida, e por políticas públicas e eficazes”, disse.
Sirlei destacou que a escolha do horário da caminhada, ao meio-dia, e do trajeto, no Centro da cidade, transmite a mensagem de que a violência contra a mulher não pode continuar na invisibilidade. “A segurança e dignidade das mulheres precisam estar à vista de todos nós, todos os dias. Nenhuma mulher é a menos. É o mínimo. E por todas as que já não podem mais caminhar, nós seguiremos.”

Foto: Ivan Fuquini
Isabela Candeloro Campoi, professora da Universidade Estadual do Paraná (Unespar) e representante da sociedade civil das universidades estaduais no Conselho Municipal dos Direitos da Mulher, reforçou que a ação instiga reflexão e chama a atenção da sociedade para o problema, mas também tem papel orientativo, com foco de levar informação às mulheres que precisam de ajuda.
De acordo com Isabela, Paranavaí tem uma rede de enfrentamento à violência contra a mulher que reúne diferentes frentes da sociedade com o propósito de combater o feminicídio. Além da atuação das polícias Militar e Civil e do Ministério Público, o campus de Paranavaí da Unespar acolhe e presta atendimento jurídico, psicológico e social gratuito a mulheres vítimas de violência doméstica por meio do Núcleo Maria da Penha (Numape).

Foto: Ivan Fuquini