Texto: Adão Ribeiro
Pesquisa: Vera Longo
Hoje nos valemos de um evento público para reverenciar a memória de um grande paranavaiense: Armando Trindade Fonseca. No tempo em que repórter gastava os pneus do Fusquinha e a sola do sapato, Armando parecia uma figura onipresente. Transitava bem na política, na cobertura policial, no esporte (amava o ACP e a Portuguesa de Desportos) ou qualquer outro tema de relevância social.
De postura íntegra, Armando era respeitado inclusive por quem eventualmente não concordava com as suas ideias. Ao dividir os espaços com colegas da imprensa, era generoso e dividia as informações até com um jovem recém-chegado ao ofício de garimpar notícias. Também dividia a boa bebida dos pinguins no rótulo e não dispensava um churrasco gordinho. Nas rodas de prosa antes da lida (entrevistas, inaugurações, etc.) era uma espécie de “pai de todos”, ou como me permitia em momentos de descontração, “Pai Véio”.
Armando fazia reportagens com o gravador portátil e dava os seus pitacos sobre temas diversos. Também usava as ”maletas”, equipamento com microfone plugado para transmissão ao vivo, via linha telefônica. Trabalhou nas duas emissoras que na época operavam em Amplitude Modulada (AM) – rádios Cultura e Paranavaí. Foi convidado reiteradamente para ser político – vereador e até vice-prefeito -, mas sempre declinou. Tinha votos para tais pretensões.
Armando não chegou ao rádio com a “latinha” na mão (latinha – termo usado entre os radialistas para designar microfone). Antes, foi discotecário e sonoplasta. Versátil, apresentou programas de auditório. Foram quase 50 anos dedicados ao ofício de comunicador.
O grande Armando Trindade Fonseca, repórter da cidade, faleceu no dia 12 de julho de 2005, deixando uma lacuna nas comunicações do Noroeste. Foi velado no saguão da Prefeitura e a cidade oficializou a tristeza com decreto de luto oficial. Por sua importância, dá nome ao Centro de Eventos de Paranavaí e também à sala de imprensa do 8º Batalhão de Polícia Militar.
A foto é do gabinete da Prefeitura de Paranavaí. Roberto Requião (PMDB) cumpria o seu primeiro mandato de governador do Paraná (gestão 1991/1994) e estava em Paranavaí para uma etapa de descentralização governamental. Na foto, o prefeito Rubens Felippe (gestão 1989/1992), assina o que seria um passo importante para a construção do Conjunto Habitacional Dona Josefa. Também estão na imagem alguns secretários municipais, deputado, integrantes da imprensa e outras lideranças. E o Armando firme, empunhando o seu microfone com o braço direito esticado para melhor captação.
(Com informações do ex-vereador, professor e administrador de Empresas Edmar Lima Cordeiro).