Baixo volume de chuva mantém a vegetação seca e fria, o que facilita a propagação do fogo. Essa condição é recorrente entre maio e outubro, período de estiagens prolongadas
REINALDO SILVA
Da Redação
O período de maio a outubro é considerado crítico para incêndios ambientais, com maior volume de ocorrências em agosto e setembro. O alerta é do tenente da 5ª Companhia Independente de Bombeiro Militar de Paranavaí Victor Kamei, que credita o alto risco de propagação do fogo à falta de chuva, pois a vegetação se mantém seca e se transforma em combustível para as chamas.
“Qualquer fagulha, qualquer incentivo que comece com fogo, já é suficiente para se alastrar de maneira muito rápida.”
A preocupação ganha aspecto prático diante dos números contabilizados pelo Corpo de Bombeiros: neste ano, foram 129 atendimentos em Paranavaí e 242 em toda a região. No recorte de 1º de agosto até a tarde desta segunda-feira (25), os registros apontam 17 ocorrências em Paranavaí e 35 no território regional, que compreende 24 municípios.

Foto: Arquivo DN
Na área urbana, os terrenos baldios concentram o maior volume de incêndios ambientais. Kamei exemplifica: “É muito comum: alguém tem um guarda-roupa ou um sofá e não sabe onde jogar, aí joga no terreno baldio, e tudo isso vira material combustível”. Nas propriedades rurais, as delimitações são maiores, por isso o fogo ganha proporções mais intensas, e o controle fica mais difícil.
Adotar medidas de prevenção é fundamental. No caso dos pontos urbanos, a orientação é não utilizar propriedades vazias como espaço para depósito de lixo. “As pessoas que têm terrenos, que tomem os devidos cuidados, que deixem devidamente manutenidos, sem vegetação e sem jogar lixo, que é um problema ambiental também.”
Em relação aos espaços rurais, o tenente do Corpo de Bombeiros ensina: o produtor precisa fazer os chamados aceiros. São faixas de aproximadamente três metros de largura onde toda a vegetação é removida, criando um corredor de terra sem combustível para a propagação do fogo. “É uma forma de controlar [as chamas] e diminuir o prejuízo.”
Se as medidas preventivas não forem eficientes e houver fogo, atenção: “Na visualização de um incêndio, sempre acionar o Corpo de Bombeiros, via 193”.
Kamei explica que normalmente o foco de incêndio não oferece risco de queimaduras, o que torna possível a tentativa de contenção antes mesmo de fazer o contato com o Corpo de Bombeiros. Água transportada em balde ou mangueira são sugestões para esses casos.

Foto: Arquivo DN
“Agora, se o incêndio está muito mais visível e você não consegue se aproximar, ligue para o Corpo de Bombeiros, não tente nenhuma medida, porque não vai ser uma mangueira de jardim que vai fazer esse combate. De fato, vai ter que usar um volume muito maior, uma vazão maior também para esse combate.”
Eventualmente há várias ocorrências ao mesmo tempo. Em situações assim, a equipe do Corpo de Bombeiros faz uma triagem, dando prioridade para áreas próximas a hospitais, escolas, universidades… O envio de fotos e vídeos facilita a avaliação do nível de risco.
Comparações – Anteriormente, informamos que de 1º a 25 de agosto deste ano, a 5ª Companhia Independente de Bombeiro Militar contabilizou 17 registros de incêndio ambiental em Paranavaí e 35 na região.
Os números estão bem abaixo das ocorrências de 2024. De acordo com Kamei, considerando o mês completo, foram 67 casos em Paranavaí e 123 na região.
Levando em conta o período crítico para queimadas, de maio a outubro, o sistema de dados indica que os 24 municípios somaram 179 incêndios ambientais em 2022, 278 em 2023 e 465 em 2024, ano classificado pelo tenente do Corpo de Bombeiros como atípico.
Previsão do tempo – O Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar) prevê pequeno volume de chuva em Paranavaí nesta terça-feira (26), com precipitação acumulada de dois milímetros. Por enquanto, não há indicativo de precipitação nos dias seguintes.
De 1º de agosto até a tarde de ontem, choveu apenas 19,4 milímetros em Paranavaí, sendo a média histórica de acumulado de chuvas para o mês 61,8 milímetros.