*Anderson Alarcon
Mais do que aplausos, um bom líder precisa deixar legado. Popularidade aquece, mas é a boa gestão que transforma. O verdadeiro estadista equilibra coração e razão, sonho e realidade.
Governar é muito mais do que ocupar um cargo: é a arte de equilibrar coração e razão, sonho e realidade. Há políticos que conquistam o povo pelo sorriso fácil, mas tropeçam na hora de administrar. Há outros que transformam números em resultados concretos, mas carecem da chama que inspira confiança. O segredo do bom político está em harmonizar esses dois mundos, onde a popularidade alimenta a esperança e a gestão garante que ela floresça.
A história mostra que líderes não se eternizam apenas pelos discursos inflamados, mas pelas obras que resistem ao tempo. Winston Churchill não era unanimidade, mas sua firmeza deu rumo a um povo em meio à tempestade. Já Juscelino Kubitschek, com sua ousadia sonhadora, ergueu Brasília em pleno cerrado, transformando o improvável em realidade. Cada um, a seu modo, combinou visão e coragem, deixando lições que ecoam até hoje.
Ser apenas popular é como acender fogos de artifício: ilumina o céu por instantes, mas logo se apaga. Ser apenas gestor técnico é como construir castelos de pedra sem janelas: sólidos, mas incapazes de encantar. O bom político precisa ser ponte — entre a emoção e a razão, entre o povo e a administração, entre o presente que arde e o futuro que espera.
A verdadeira liderança nasce no encontro entre austeridade e ternura. É saber dizer “não” quando necessário, mas com a sensibilidade de explicar o porquê. É enxugar gastos sem enxugar sonhos. É fazer da escassez uma escola de criatividade. Como dizia Confúcio: “Governar é servir”. Servir exige tanto a firmeza da disciplina quanto a leveza da escuta.
O bom político é aquele que entende que cada praça é mais do que concreto, é espaço de encontro; que cada hospital é mais do que tijolos, é refúgio de esperança; que cada escola é mais do que paredes, é a sementeira do futuro. Popularidade é aplauso. Gestão é legado. O equilíbrio entre os dois é a verdadeira marca do estadista.
Talvez a grande lição seja que governar é plantar árvores cuja sombra muitas vezes não se desfrutará. É investir em inovação, segurança, saúde, dignidade e desenvolvimento, mesmo que o fruto demore a amadurecer. Pois, no fim, o povo sempre reconhece quem cuidou da terra com amor e responsabilidade.
Popularidade passa como o vento. Obras e transformações ficam como montanhas. O segredo do bom político é ser lembrado não apenas como quem foi querido, mas como quem foi justo, firme e transformador. Pois governar é, acima de tudo, escrever no livro da história as páginas que ainda não existem — e que um dia servirão de abrigo, inspiração e orgulho para as próximas gerações.
*Prof. Dr. Anderson Alarcon, advogado
@and.alarcon