Depois de um salto expressivo em maio, a demanda das empresas brasileiras por crédito segue em alta e registrou uma variação positiva de 10,5% em junho de 2025, comparado com o mesmo mês de 2024. Os dados são do Indicador de Demanda das Empresas por Crédito da Serasa Experian, primeira e maior datatech do Brasil.
A economista Camila Abdelmalack elenca alguns fatores que impactaram este aumento. “Apesar do nível elevado de juros, a demanda por crédito empresarial segue em patamar bastante alto. Esse aparente contrassenso se explica pelo perfil da demanda atual, que está menos relacionada a investimentos e mais voltada ao gerenciamento do fluxo de caixa. Muitas empresas têm buscado crédito para renegociação de dívidas, recomposição de capital de giro e enfrentamento de pressões de custo, em um contexto de incertezas econômicas e desafios operacionais”, detalha.
Na análise por setor, Serviços se destaca com variação de 17% em junho de 2025 no comparativo com o mesmo período do ano passado. Camila ressalta que a maior procura por recursos financeiros pode ser um reflexo do alto volume de empresas negativadas que atuam nesta frente. “O crédito se tornou um ativo importante para o fluxo de caixa, tanto para disponibilidade de capital de giro quanto para renegociação de passivos. Muitos buscam esta alternativa por conta da retração da atividade econômica no país, que dificulta a geração de renda e acende a necessidade de valores adicionais para manter as contas em dia”, comenta.
As micro e pequenas empresas apresentaram um aumento de 10,8% na procura por crédito, assim como as médias empresas (2,0%). As grandes registraram queda de 0,7% no comparativo anual, considerando o mês de junho.
Na visão por Unidades Federativas (UFs), Alagoas foi a única a apresentar retração na procura por crédito, enquanto o Amazonas teve o maior aumento neste mesmo indicador, de 26,9%.