O aumento expressivo dos casos de sarampo em diversos países das Américas em 2025 acendeu o alerta das autoridades de saúde brasileiras. Embora o Brasil tenha sido recertificado pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) como livre da circulação endêmica do vírus em novembro de 2024, o risco de reintrodução da doença é considerado iminente.
Segundo a Dra. Michelle Zicker, infectologista do São Cristóvão Saúde, a alta transmissibilidade do vírus e a circulação intensa de pessoas entre estados e países favorecem a propagação. “O sarampo é uma das doenças mais contagiosas que existem. Uma única pessoa infectada pode transmitir o vírus para mais de 90% das pessoas suscetíveis próximas. Diante do cenário internacional, especialmente nas Américas, precisamos manter vigilância ativa e reforçar a imunização”, alerta.
Situação global e nas Américas – Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da OPAS mostram que todas as regiões do mundo vêm registrando aumento de casos desde 2024. Nas Américas, já foram confirmados 8.839 casos em 2025. O Canadá lidera com 3.969 registros e uma morte; seguido pelo México, com 3.361 casos e três óbitos; os Estados Unidos, com 1.308 casos e três mortes; a Bolívia, com 122 casos e estado de emergência declarado; e a Argentina, com 34 casos confirmados.
Situação no Brasil – No Brasil, já são 20 casos confirmados em 2025, sendo 15 deles em Tocantins, alguns associados a viagens para a Bolívia. Em São Paulo, foi registrado um caso de fonte de infecção desconhecida. O estado é considerado especialmente vulnerável, por receber intenso fluxo internacional e interestadual, além de sediar grandes eventos.
“O momento é crítico, porque coincide com o retorno das férias escolares e com a presença de casos confirmados no território nacional. Isso aumenta a probabilidade de circulação do vírus”, explica a Dra. Michelle.
Sintomas e complicações – O sarampo é causado por um vírus de RNA do gênero Morbillivírus, transmitido por secreções respiratórias, tosse, fala e até por aerossóis suspensos em ambientes fechados. Os principais sintomas incluem tosse, coriza, conjuntivite e febre alta, seguidos pelo exantema avermelhado característico, que se espalha da cabeça para o corpo.
As complicações podem ser graves, principalmente em crianças menores de 5 anos, gestantes e pessoas imunocomprometidas. Entre elas, destacam-se pneumonia, otite, diarreia, encefalite e até óbito. Uma complicação rara, mas de alta gravidade, é a Panencefalite Esclerosante Subaguda (PEES), que pode surgir anos após a infecção inicial.
Vacinação é a principal defesa – Não existe tratamento específico para o sarampo. O cuidado é de suporte, incluindo hidratação, controle da febre e, em alguns casos, uso de vitamina A para reduzir riscos de complicações. Por isso, a vacinação continua sendo a medida mais eficaz de prevenção.
No Brasil, estão disponíveis as vacinas dupla viral (sarampo e rubéola), tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) e tetraviral (que também inclui varicela).
Atenção:
• Pessoas de 7 a 29 anos devem ter duas doses registradas.
• Adultos de 30 a 59 anos devem ter pelo menos uma dose.
• Profissionais de saúde, independentemente da idade, devem completar duas doses.
• Gestantes e crianças menores de 6 meses não devem ser vacinadas. Pessoas imunocomprometidas devem ser avaliadas por um médico antes de receberem a vacina.
“O sarampo não pode ser encarado como uma doença do passado. A vacina é segura, gratuita e eficaz. É fundamental que todos estejam com a imunização em dia para evitar que o vírus volte a circular de forma sustentada no Brasil”, reforça a infectologista.