(44) 3421-4050 / (44) 99177-4050

Mais notícias...

Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors

Mais notícias...

Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors
Compartilhe:

CRÔNICA

Sim e Não

Renato Benvindo Frata

São gêmeos nascidos antes mesmo de os homens aprenderem falar, e já eram advérbios sem que ninguém soubesse, conhecidos pela expressão do rosto e balançares. O Sim, pelo estampar de um sorriso e movimento da cabeça para frente e para trás; e o Não, por uma carranca seguida também de movimentos de cabeça, mas para os lados. O fato é que ninguém sorri dizendo ‘Não’, como também não se mostra mal-humorado dizendo ‘Sim’. (Só os sádicos e doidos, mas isso é assunto para outra crônica). E o antagonismo não para por aí: se fossem violeiros nunca fariam dupla, ambos têm a primeira voz. Sim sim, Não não! Impositivos.

Vivem em nós para expressar nossas vontades, sensações e emoções. Poderia falar até no Talvez, um outro irmão, mas se perde em demorada decisão, não sabe se vai ou fica, então melhor será deixá-lo também para outra oportunidade, lembrando que o Talvez tanto pode virar Sim, como Não. E só quem pediu para a mãe para ir ao circo, sabe a resposta: seu Talvez representará uma permuta. “Faça tal coisa que TALVEZ eu deixe você fazer o que pede…”

Passaram, assim, Sim e Não, a se integrarem em todos os níveis sociais, e somente quando o homem conseguiu se expressar com palavras é que ganharam os nomes que têm, e seguem, dessa maneira, a nos ajudar nas concordâncias e negativas. São tão importantes que não os dissociamos em momento algum das decisões. Claro que pela evolução da fala e do dicionário, o Sim ganhou nomes como abono, aceitação, acessão, acordo e uma infinidade de outros sinônimos, e o Não, por sua vez, os de censura, condenação, desabono, desacordo, desagrado, e outra infinidade na proporção do Sim.

O fato é que quando a decisão é tomada se forma um juízo de valor que poderá produzir imediatamente, um sentimento de alegria ou de desprazer. Ou até um certo langor pela concordância ou negativa. E há, nesse diapasão e em certos casos, por exemplo, aquele que diz Sim querendo dizer Não, ou diz Não quando deveria dizer Sim, como na colocação de limites a certos atos de alguém muito próximo.

Culturalmente o Sim representa o elogio, o reconhecimento, o mérito e quando bem dito tem o mesmo valor de um Não bem aplicado, – que significa a imposição da vontade de um sobre o outro. E as relações humanas pedem um equilíbrio entre ambos, mesmo porque se exagerarmos no Sim, criaremos problemas de insegurança para o interlocutor e para nós mesmos e, por outro lado, uma educação sem o Não gerará adultos problemáticos – que temos aos montes, infelizmente.

Como aferir essa balança antagônica? Talvez a resposta esteja na forma estimulante de falar, na atenção precisada e oferecida, no olhar de aprovação diante da incerteza e no abraço aconchegante que vale como cobertor em dia frio, sem esquecer da essência que é a sinceridade que se exige de quem possui o poder movido pela autoridade e confiabilidade, imprescindíveis e recíprocas.

Não existe coisa mais permissiva que pai e mãe que só dizem sim.

Compartilhe: