Objetivo é oportunizar evangelização para todos os públicos e despertar na comunidade o debate sobre igualdade e justiça social
REINALDO SILVA
Da Redação
“Inclusão não é favor, é direito.” A declaração contundente é de Bruna Aparecida de Souza, coordenadora da Pastoral dos Surdos da Diocese de Paranavaí. Em razão do caráter progressivo da deficiência auditiva, ela aprendeu a língua portuguesa e consegue se expressar pela fala, também por isso, desenvolveu a habilidade da leitura labial.
Bruna visitou o Diário do Noroeste nesta semana, acompanhada de outras mulheres que acreditam nas ações inclusivas como instrumento de promoção de igualdade e justiça social.
Marileidi Marchi Moraes é intérprete de Língua Brasileira de Sinais (Libras) e coordenadora da Catequese Inclusiva da Diocese de Paranavaí. Vanderli Valero Tomazele é catequista e também intérprete. Cristina Estevan de Pontes Imbriani é mãe de um jovem com deficiência auditiva e transtorno do espectro autista e intérprete voluntária. Sueli Torres Cesco é coordenadora da Catequese na Paróquia Nossa Senhora Aparecida.
O grupo falou sobre o início das atividades da Catequese Especial no Jardim Ipê, com acolhimento de crianças, adolescentes, jovens e adultos com deficiência física ou intelectual. “A Igreja está abrindo as portas para a comunidade”, diz Vanderli. Mais do que isso, complementa Sueli, citando o papa Francisco, “é a Igreja da saída, que vai até quem está precisando”.
Dentro dessa perspectiva, o objetivo é oportunizar evangelização para todos. “Catequese é levar a mensagem de Jesus, uma pessoa de acolhida”, pontua Sueli, catequista há 20 anos. Por experiência própria, sabe como é importante garantir atendimento adequado aos diferentes públicos, levando em conta deficiências e limitações de cada um. “Todos que chegarem até nós vão receber o amor suscitado pelo Espírito Santo.”
De acordo com Marileidi, a Paróquia São Sebastião é pioneira na instituição da Catequese Especial. As atividades começaram há 10 anos e são desenvolvidas com turmas diferentes, conforme as condições dos catequisandos. O exemplo serviu como inspiração para a equipe da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, que abriu inscrições para os moradores da região do Jardim Ipê e de outros bairros.
Interessados devem procurar a secretaria paroquial, na Rua Takeshi Mitsuyasu, 834, ou entrar em contato pelo telefone (44) 3446-2750. Os atendimentos são feitos de segunda a sexta-feira em horário comercial e aos sábados das 8h às 11h30.
Libras
Cristina falou da experiência com o filho, hoje com 19 anos de idade. Quando era pequeno, a dificuldade para se comunicar gerava irritação e eventualmente comportamento agressivo. Ao aprender a Libras, conseguiu estabelecer diálogos, começou a frequentar a catequese e se sentiu incluído na fé que a família professa.
Os obstáculos foram muitos. O autismo exigia acompanhamento psicológico, mas não havia profissionais capacitados para atender uma pessoa surda. Mesmo sendo uma prerrogativa legal, os serviços de saúde não dispunham de intérpretes de Libras.
Garantir essa possibilidade dentro da Igreja Católica significa mais do que incluir as pessoas com deficiência auditiva na comunidade. Catequese e missa interpretadas na Língua Brasileira de Sinais são oportunidades para ampliar o debate social e envolver todas as famílias no processo de aprendizagem e defesa dos direitos dos cidadãos.
“Precisamos quebrar estigmas. Muitas vezes, a família não conhece Libras e não aprende, e isso limita a comunicação com os filhos. O mundo dos surdos fica limitado. Conhecer gera respeito, e esse é um espaço que a gente está ocupando”, destaca Marileidi.
Serviço
Catequese Especial na Paróquia Nossa Senhora Aparecida
Secretaria paroquial: Rua Takeshi Mitsuyasu, 834, Jardim Ipê
Telefone: (44) 3446-2750