Mais de 600 refugiados chegaram ao município por meio da Operação Acolhida e de deslocamentos voluntários
Cibele Chacon
Da Redação
Paraíso do Norte se tornou um dos municípios paranaenses a integrar o programa de interiorização da Operação Acolhida, iniciativa humanitária conduzida pelo Governo Federal em parceria com a ACNUR (Agência da ONU para Refugiados). O programa busca oferecer abrigo, oportunidades de trabalho e dignidade a famílias venezuelanas que fogem da grave crise econômica e social em seu país.
Desde setembro de 2024, o município passou a receber os primeiros grupos de imigrantes, graças à parceria entre a empresa GTF, a Prefeitura de Paraíso do Norte e o Departamento de Promoção Social. Segundo o assistente social Israel de Moraes, do CRAS local, o acordo previa que a empresa oferecesse moradia temporária, alimentação e mobiliário básico aos recém-chegados durante os primeiros meses de adaptação.

“Estimamos que cerca de 600 pessoas já se estabeleceram no município, entre famílias encaminhadas pela Operação Acolhida e outras que chegaram por conta própria, convidadas por parentes ou amigos que já estavam aqui”, explicou Israel.
Acolhimento com dignidade – Os imigrantes vêm principalmente do estado de Roraima, porta de entrada dos venezuelanos no Brasil, onde passam pelos centros de triagem e abrigos da Operação Acolhida. Em Paraíso do Norte, recebem apoio do CRAS, que atua desde o acolhimento inicial até a inserção em programas de assistência social, saúde e educação.
“Na Assistência Social, fazemos o cadastramento, inserimos as famílias em programas de transferência de renda e oferecemos apoio eventual para aluguel, alimentação, água e luz”, detalhou o assistente social.
Os novos moradores têm acesso às unidades básicas de saúde, vacinação e acompanhamento de gestantes e crianças. Já na educação, todas as crianças e adolescentes foram matriculados em escolas municipais ou estaduais. “Há um acompanhamento próximo para garantir que frequentem as aulas e se adaptem bem”, completou assistente social.
Desafios e integração – O processo, no entanto, não é isento de desafios. Entre as principais dificuldades, estão a regularização documental junto à Polícia Federal, barreiras linguísticas e a adaptação das famílias após o período inicial de moradia custeada pela empresa.
“Depois de 60 dias, as famílias precisam arcar sozinhas com o aluguel e as despesas básicas. É um momento delicado, especialmente para quem ainda busca emprego fixo”, destacou Moraes.
Apesar dos desafios, ele acredita que a presença dos venezuelanos traz benefícios sociais e culturais para a cidade. “Eles movimentam a economia local, trazem novas perspectivas e valores de solidariedade e resiliência. A convivência entre culturas enriquece toda a comunidade.”
Compromisso e solidariedade – O prefeito Beto Vizzotto destacou, em nota e em entrevista exclusiva ao Diário do Noroeste, que o município tem buscado oferecer o melhor suporte possível às famílias.

“Esses imigrantes vieram pela Operação Acolhida, programa humanitário que direciona famílias venezuelanas para regiões com oferta de emprego. Em Paraíso do Norte, a GTF participa oferecendo vagas de trabalho e estrutura inicial”, explicou o prefeito.
Ele também ressaltou o empenho das secretarias municipais para garantir a integração dos novos moradores. “Na educação, abrimos vagas nas escolas; na saúde, incorporamos os imigrantes no atendimento das UBS e UPA; no social, os incluímos nos programas municipais, estaduais e federais de auxílio.”
Vizzotto lembrou que o fenômeno migratório é global e exige empatia. “A imigração em massa geralmente é um movimento forçado por guerras, perseguições ou crises econômicas. Precisamos entender e receber essas famílias da melhor forma possível. A solidariedade é fundamental entre povos irmãos.”
O município recebeu recursos do Governo Federal, conforme as Portarias MDS nº 1.040/2024 e nº 1.072/2025, destinados à compra de itens de alimentação, kits de limpeza e enxovais. O prefeito reforçou que esses recursos não comprometem o orçamento municipal e que as famílias locais continuam sendo atendidas normalmente pelos programas sociais.
Paraíso do Norte, agora, é exemplo de acolhimento e integração humanitária no Noroeste do Paraná — um gesto que, mais do que política pública, representa o espírito solidário de um povo que abre as portas a quem busca recomeçar.
“O Brasil é um país acolhedor que celebra a diversidade. Receber e integrar pessoas de diferentes culturas é parte do nosso DNA”, concluiu o prefeito.
“Em Paraíso do Norte, acolher é construir futuro.”