Busca por formas de ampliar o número de vagas e, assim, o volume de cirurgias passa pela análise de diferentes órgãos e entidades envolvidos na manutenção do hospital
REINALDO SILVA
Da Redação
Tudo esbarra na questão financeira. Assim o diretor-geral da Santa Casa de Paranavaí, Héracles Alencar Arrais, explicou a dificuldade para colocar a Unidade Morumbi em pleno funcionamento. Desde 2020, em razão da pandemia de Covid-19, o hospital referência para a Região Noroeste enfrenta situação de desequilíbrio e tem buscado formas práticas de manter as contas em dia.
A avaliação de Arrais é que o problema começa com os valores repassados através do Sistema Único de Saúde (SUS), classificados por ele como deficitários. Os custos para manter a estrutura hospitalar aumentaram de forma vertiginosa nos últimos anos, mas a tabela do governo federal segue sem alterações.
Dentro desse cenário, a diretoria da Santa Casa, as prefeituras, o Consórcio Intermunicipal de Saúde (CIS) e a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) estudam a melhor estratégia para abrir todos os leitos da Unidade Morumbi e ampliar as vagas. Atualmente, apenas 40 estão em operação.
Preocupação
O Conselho Municipal de Saúde de Paranavaí (CMSP) manifestou preocupação com a demanda cada vez mais intensa por cirurgias eletivas, aquelas que não são consideradas de urgência ou emergência, agendadas pelas secretarias municipais de Saúde. A média da Santa Casa, considerando as duas estruturas – Centro e Unidade Morumbi –, é de 250 procedimentos por mês. Mas há períodos em que os registros superam essa marca, como em setembro deste ano, com mais de 300 cirurgias eletivas.
O vice-presidente do CMSP, Arnoldo Luiz Victor, disse que a entidade tem acompanhado a situação. Em Paranavaí, por exemplo, a capacidade de transporte de pacientes a outros municípios chegou à capacidade máxima. “A maior parte deveria ser atendida em Paranavaí. Há um prejuízo financeiro para a prefeitura, o risco de acidente na estrada e o desconforto das pessoas.”

Foto: Arquivo DN
Na última sexta-feira (17), o Conselho entrou em contato com a 14ª Regional de Saúde, que representa a Sesa no Noroeste do Paraná. Pediu que organize uma reunião com prefeitos e lideranças para explicar os detalhes contratuais da Santa Casa. O vice-presidente estimou que o acréscimo no orçamento do hospital para alcançar o funcionamento pleno seria de aproximadamente R$ 3 milhões.
Por se tratar de uma questão financeira, há que se chegar a um denominador comum, considerando as demandas da Santa Casa e as possibilidades do governo do estado.
Os cálculos do diretor-geral do hospital apontam para aumento de 400 atendimentos mensais com o pleno funcionamento da Unidade Morumbi. “Hoje nós atendemos em torno de 1.100 a 1.200 pessoas. Passaríamos a mais de 1.500. É um número considerável.”
O resultado se ligaria diretamente às cirurgias eletivas. O diretor explicou que existe um limite de atendimentos e de procedimentos disponibilizados pelos médicos via SUS. “O eletivo é um problema porque fica na fila de espera, e estamos falando de 300 mil habitantes, que tem nossa região.”
Para ilustrar a situação, citou um exemplo aleatório de um município pequeno com três moradores à espera de cirurgia de amígdala. A equipe médica da Santa Casa realiza 25 procedimentos mensais, e esse total é distribuído proporcionalmente entre os 28 municípios do Noroeste. Eventualmente, apenas um dos três pacientes consegue a vaga, ou seja, dois precisam esperar até o próximo mês. Se mais pessoas apresentarem problemas semelhantes, terão de aguardar por mais meses, até que os três anteriores sejam atendidos. Assim se formam as filas de espera.