MÔNICA BERGAMO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) sinalizou a Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não ter objeção ao nome do ex-governador Geraldo Alckmin como vice e reforçou a mensagem de que embarcará na campanha do petista à Presidência de qualquer maneira.
Histórico aliado do PT, o movimento tem resgatado episódios da convivência com Alckmin nos anos em que o ex-tucano governou São Paulo e difundido a avaliação de que ele teve “comportamento de democrata”. A organização não fechou posição oficial sobre o tema, mas reiterou o apoio a Lula.
João Paulo Rodrigues, que é da coordenação nacional do movimento e interlocutor do ex-presidente, lembrou nos últimos dias o papel de Alckmin como vice do governador Mario Covas, entre 1995 e 2001. Disse que, ao assumir a cadeira, o então tucano manteve a linha de Covas e não perseguiu o grupo.
Embora tenha mantido diálogo, Alckmin falhou em avançar nos processos de assentamento de sem-terra no estado, recordam integrantes do MST. Por outro lado, ele chegou a receber integrantes no Palácio dos Bandeirantes para reuniões e cerimônias ligadas à pauta da reforma agrária.
A posição do movimento ganha corpo no momento em que porta-vozes do próprio PT divergem sobre a composição com o ex-governador, abrindo uma dissidência na sigla em relação à aproximação com o antigo rival.
Nesta quarta-feira (19), porém, Lula voltou a dizer que é simpático à possibilidade e afirmou que, de sua parte, “não existe nenhum problema de fazer aliança com Alckmin e ter ele de vice”. Defensores da ideia dizem que ela ampliaria a chance de derrotar Jair Bolsonaro (PL) ainda no primeiro turno.
A associação a Covas ouvida nas falas dos sem-terra embute um outro simbolismo: o então líder tradicional do PSDB entabulou alianças com os petistas em momentos eleitorais críticos nas décadas de 1990 e 2000.
Em 2018, ano em que Alckmin concorreu ao Planalto pelo PSDB, Rodrigues estava no campo oposto e chegou a chamá-lo de inimigo. “Inimigos nossos são a turma do Alckmin e Bolsonaro. Não eles, mas o que defendem: o neoliberalismo”, afirmou durante evento em maio daquele ano.
O MST, que deverá ter papel relevante no núcleo central da candidatura de Lula e na definição de estratégias de mobilização popular, também tem reiterado a necessidade de apresentar um programa com forte teor social e chamar a atenção para a eleição de congressistas à esquerda.
Reportagem do jornal Folha de S.Paulo mostrou que o movimento fará um trabalho concentrado para incluir nas urnas nomes de militantes da reforma agrária. Há candidaturas previstas em ao menos 17 estados, por siglas como PT, PC do B e PSB.
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