Cerimônia destacou trajetórias de luta, representatividade e contribuição social de figuras essenciais da comunidade negra
Cibele Chacon
A 29ª Semana Negritude, promovida pela Associação Negritude de Promoção da Igualdade Racial de Paranavaí (Anpir), começou oficialmente com a entrega do Diploma Negritude de Personalidades Negras 2025. A cerimônia, realizada na última segunda-feira (17) na Câmara Municipal, prestou homenagem a quatro figuras importantes da comunidade: Padre Rivaldo Francisco Brandão, Maria Leila Lucas de Lima, D. Neuza dos Santos Barbosa e Tânia Mara Ferreira Barros Volpato.
A iniciativa marca o primeiro ato da programação deste ano e reforça o objetivo central da Semana Negritude: valorizar a cultura afro-brasileira, reconhecer trajetórias de resistência e dar visibilidade ao protagonismo negro na cidade.
“É trabalhar para que reine a igualdade”, diz Padre Rivaldo – Entre os homenageados, o Padre Rivaldo Francisco Brandão enfatizou o simbolismo e a importância do reconhecimento num contexto em que o racismo ainda persiste no cotidiano.
“Eu achei algo bastante valioso. Significa algo muito importante para a sociedade como um todo, para que toda essa questão do racismo, seja em qual dimensão for, possa ser extirpada da humanidade. Não é a cor da pele que identifica se a pessoa é boa ou não”, afirmou.
Apesar dos avanços sociais, ele destaca que o racismo ainda aparece nos detalhes, nas brincadeiras e nas relações diárias. “Ainda encontramos situações de racismo em todos os âmbitos. Já evoluímos em tantas coisas, precisamos evoluir também nisso.”
Para ele, sua atuação como presbítero contribui para desconstruir estereótipos. “A gente contribui muito para tirar da cabeça da sociedade essa falsa ideia de que o negro não tem capacidade. A atuação de tantos de nós ajuda a mudar essa visão.”

“Negar o racismo não faz com que ele desapareça”, afirma Tânia Mara – Outra homenageada, a técnica de atividades em Educação no Sesc Paranavaí Tânia Mara Ferreira Barros Volpato, foi escolhida de forma unânime pela diretoria da Anpir. Atriz, educadora e referência cultural, ela recebeu a notícia com surpresa e orgulho.
Ela relata que sua trajetória foi marcada por desafios, muitos deles relacionados ao preconceito. “Na minha infância, eu sempre ficava de lado. Tenho lembranças muito claras de não ser escolhida, de não ser a primeira opção. Isso fica nas nossas memórias afetivas, mas nunca me abalou porque minha família me deu um alicerce muito forte.”
Sobre a insistência de algumas pessoas em negar a existência do racismo, ela é categórica: “Quem diz que o racismo não existe nunca sentiu na pele uma discriminação. O racismo é estrutural e negar isso só dificulta o combate. Ele está nas desconfianças, nas oportunidades negadas.”
Tânia também destacou sua contribuição ao longo de décadas trabalhando com adolescentes. “Sempre busquei mostrar a importância da nossa existência no mundo, dar voz e espaço a quem não tinha. Acredito que contribuí muito para abrir caminhos e posso contribuir ainda mais.”
A homenagem, para ela, vai além do simbolismo: “Representa um reconhecimento de luta, de resistência e de um legado construído por muitas pessoas negras antes de mim. Recebo com profunda emoção e responsabilidade.”
A 29ª Semana Negritude é realizada em parceria com o Sesc Paranavaí, a Fundação Cultural, a Câmara Municipal de Paranavaí, a Unespar, a APP-Sindicato Paranavaí e tem o apoio da Itaipu Binacional.






























