EDUARDO SODRÉ
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Nenhum empresário do setor automotivo espera bater recordes de vendas em janeiro, mas o resultado alcançado agora ficou bem abaixo das expectativas.
As vendas de veículos leves e pesados tiveram queda de 38,9% em comparação a dezembro, segundo dados do Renavam (Registro Nacional de Veículos automotores).
Em um cenário normal de início de ano, essa retração deveria estar na faixa de 15% a 25%.
Foram emplacadas 126,5 mil unidades no mês passado, com uma média de 6.025 automóveis/dia. O resultado inclui carros de passeio, comerciais leves, caminhões e ônibus.
Em relação a janeiro de 2021, a queda registrada agora é de 26,1%. Naquele mês, a ilusão de que a pandemia de Covid-19 estava sob controle começava a se dissipar.
A antecipação das compras que tradicionalmente ocorre no fim do ano e o período de férias -das montadoras e de seus clientes- ajudam a explicar o que aconteceu. Mas há outros fatores envolvidos, e o principal deles é a queda nos estoques.
No primeiro bimestre de 2020, portanto antes da pandemia, havia veículos suficientes para atender a 42 dias de comercialização. Em dezembro passado, esse número era de 16 dias.
Com a crise sanitária, veio a quebra das cadeias de fornecimento. A falta de peças, principalmente semicondutores, levou fábricas a interromper a produção de carros. Por isso os estoques caíram rapidamente no Brasil, e vieram as filas de espera.
As montadoras instaladas no país aceleraram a produção no último trimestre de 2021, e grande parte do que foi fabricado veio para atender consumidores que haviam fechado a compra seis meses antes. Passada essa fase, os pátios ficaram novamente vazios.
Os problemas de fornecimento persistem, e o ano começa com empresas interrompendo temporariamente a venda de alguns produtos, tanto nacionais como importados. A Jeep, por exemplo, bloqueou novos pedidos pelo Commander, cuja fila de espera já chega a sete meses.
As fábricas estão retomando a produção após o período de férias coletivas, contudo ainda é cedo para dizer se os resultados de fevereiro serão melhores.
Um dos problemas é o aumento acumulado de preços dos carros, somado à elevação da taxa básica de juros, que encarece o crédito.
Segundo a KBB Brasil, consultoria especializada na precificação de carros, os 10 modelos mais vendidos do país acumularam uma alta média de 25,4% ao longo de 2021.
Há ainda o problema da variante ômicron, que pode reduzir ainda mais a capacidade produtiva. Por enquanto, as marcas dizem que a situação está sob controle.
“A ocorrência de casos de Covid-19 provocou aumento do absenteísmo nas plantas industriais, mas em nível que não afeta a regularidade da produção. A situação é monitorada em tempo real”, diz o comunicado enviado pelo grupo Stellantis, que reúne Citroën, Fiat, Jeep e Peugeot.
“Fizemos adequações no processo produtivo a fim de que não houvesse impacto na produção. Vale ressaltar que, desde o início, reforçamos nossos protocolos de saúde e segurança –que já havíamos adotado antes–, orientando todos os colaboradores”, afirma a Volkswagen, em nota.
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