ADÃO RIBEIRO
Prefeito reeleito de Santa Cruz de Monte Castelo, Fran Boni tem o nome cogitado quando o assunto é eleição para a Assembleia Legislativa do Paraná no ano que vem. Embora não descarte, Boni estabelece algumas condições para que seu nome figure entre os postulantes. A principal delas é a mudança na regra eleitoral, com adoção do voto distrital misto. Outros itens também pesam, como as chances de vitória, já que a eventual candidatura implica em renúncia de 2,8 anos de mandato na Prefeitura.
Fran Boni acredita que haverá alterações nas regras. Neste caso, uma corrida contra o tempo, já que as decisões devem ser tomadas até outubro pelo parlamento brasileiro. Ele defende o chamado voto distrital misto. Neste modelo, o eleitor vota em um postulante de maneira proporcional, como ocorre atualmente, e em um segundo nome, por distrito. Cada região garante seus representantes proporcionalmente, de acordo com o número de habitantes/eleitores.
O formato atual das eleições apresenta outro complicador: a impossibilidade de coligações. A regra, analisa Boni, estimula o surgimento de várias candidaturas, já que cada partido será estimulado a lançar nomes locais para garantir o mínimo de votação em cada cidade. Mais uma vez, deposita no eleitor a capacidade de escolher as candidaturas mais viáveis. Ainda assim, é fundamental as lideranças manterem conversas, embora “não seja uma missão fácil”.
Superada a dificuldade do formato, o prefeito tem outro desafio: a renúncia do mandato. A decisão deve ser tomada até abril do ano que vem. Neste quesito o monte-castelense não está só. Também são citados como potenciais candidatos o prefeito de Paranavaí, Carlos Henrique Rossato Gomes (KIQ); o prefeito de Terra Rica, Julio Leite; e o prefeito de Nova Londrina, Vico Bono. Em síntese: sua candidatura depende de três fatores: mudança no sistema eleitoral, a composição eleitoral (apoios, parceiros de chapa etc.) e por fim a viabilidade eleitoral.
Nesta incerteza sobre o futuro, o prefeito lembra que as pesquisas eleitorais dão uma boa noção sobre as chances de cada um. Ele também cita que não há necessidade de iniciar a campanha com tanta antecedência, já que o perfil do eleitor teria mudado. Por outro lado, insiste, será difícil buscar apoios de prefeitos e outras lideranças municipais no poder, pois todos têm seus compromissos por conta do apoio que recebem de deputados com mandato.
Este cenário se deve em parte ao calendário eleitoral, acredita, já que há pleitos no Brasil “ano sim, ano não”, o que implica em assumir compromissos em nome da governabilidade. Ainda assim, se mostra otimista pelo fato de que o eleitor está mais independente em relação aos líderes.
Aponta o cenário de 2018, quando os eleitores mudaram radicalmente, inclusive no parlamento. Aquele fenômeno deve se repetir com menos intensidade agora, de acordo com o momento e as demandas da população.
Por fim, insiste no peso extra de renunciar ao mandato e de contar com o apoio/aval familiar. Se fosse para cravar uma opção, atualmente Boni não é candidato e nem faz costuras políticas nesta direção. Mas, no balanço das horas, tudo pode mudar.
O deputado federal – Fran Boni encara com otimismo a candidatura de Tião Medeiros para deputado federal. Justifica que ele tem a campanha estruturada no Noroeste e buscou alianças em outras regiões. “O Tião tem essa facilidade, essa articulação”, simplifica. A vitória de Medeiros será um grande salto, já que apenas em emendas impositivas serão R$ 20 milhões para atendimento às cidades, sugere.
Bandeira municipalista – Fran Boni afirma que será candidato a deputado estadual, mas não estipula prazos, podendo ser em pleitos futuros e não em 2022. Jovem, tem apenas 42 anos, entende que pode esperar uma oportunidade mais adequada se avaliar que este não é o momento.
Ele já tem uma bandeira definida: o municipalismo. Defende que as pessoas vivem e dependem diretamente dos municípios e que a burocracia dificulta a gestão. O dinheiro sai das cidades e vai para Curitiba ou Brasília e, para retornar, passa por longos processos. Ele quer o uso das estruturas municipais para agilizar os projetos, cabendo aos estados e união o controle, sem a necessidade de revisões como no formato atual.
Questionado sobre transparência nas obras, Boni entende que é mais seguro, pois caberia aos entes (estadual e federal) apenas o controle, a fiscalização e o acompanhamento da execução. A união está adotando o modelo aos poucos. Ele diz que Monte Castelo recebeu no ano passado R$ 1 milhão na conta e pode realizar cinco obras, sem problemas. “Você presta contas para a União, mas tem também o Ministério Público local para fiscalizar a correta aplicação dos recursos.” Em resumo: quer mais autonomia para os municípios.
Projeto regional – É possível trabalhar um projeto regional. Precisa unificar, define Fran Boni. Cita o caso do zoneamento agrícola. A região de Loanda se reuniu e pleiteou junto aos governos Estadual e Federal, aprovando a produção de milho e soja, garantindo acesso a financiamento e seguro agrícola. Hoje os municípios são referência na cultura da soja e veem a produção crescendo. “Foi um exemplo de atuação conjunta”, cita. O trabalho garantiu supervalorização da terra, cujo preço foi multiplicado por três.
Mas, o desenvolvimento tem uma causa necessária: força política. São exemplos as regiões Oeste e Norte. Historicamente o Noroeste trabalhou dividido, lamenta. Prefere não citar responsáveis e vê as novas lideranças políticas pensando diferente e querendo trabalhar em conjunto. “A sociedade civil organizada tem que participar do processo político”, defende.
Embora reconheça que o agronegócio esteja na frente, o turismo é outra bandeira importante. A vantagem é que o turismo se desenvolve naturalmente, pois as cidades possuem as belezas naturais. A função da política é melhorar a infraestrutura, e então os investimentos virão.
A educação é determinante neste contexto. Paranavaí já se desenvolveu e tem outro desafio importante: a conquista do curso de Medicina. Paralelamente, a classe política tem que levar cursos superiores para outros municípios.
Para governador – No plano estadual, Fran Boni já definiu apoio à reeleição do governador Ratinho Júnior. Entende que fez um bom trabalho e consegue desenvolver projetos importantes para o Paraná. O prefeito já apoiou Ratinho na primeira eleição, se filiou ao partido (PSD) para concorrer no pleito de 2020 e manter o apoio.
Para o Senado ele não tem nomes, mas antecipa que gostaria de ver um candidato que já foi prefeito. Pelo seu entendimento, o senador com experiência na administração de uma cidade poderá contribuir na causa municipalista. No cenário federal, avalia que é preciso aguardar o desdobramento. Não antecipa o seu candidato a presidente. Porém, quer que o postulante tenha compromisso com os municípios. Reconhece méritos no governo atual e gosta da linha desenvolvimentista para a geração de emprego e renda. Ele quer menos presença do Estado na produção.