SUZANA PETROPOULEAS
DA FOLHAPRESS
Segurados do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) com perícia agendada para esta terça (8) foram até as agências e se depararam com cancelamento dos atendimentos causado por nova paralisação dos médicos peritos. A categoria anunciou greve nesta terça e quarta, afetando cerca de 25 mil perícias agendadas ao dia.
É a segunda mobilização dos profissionais em oito dias. Na segunda (31), os peritos pararam por 24 horas.
Na agência do Glicério, região central de São Paulo, as perícias afetadas pela paralisação foram remarcadas para cerca de duas semanas depois. Foi a segunda vez que o frentista Edinilson Oliveira Aguiar, 38, tentou realizar a sua, após ser atropelado na véspera do Natal, em 24 de dezembro.
Na primeira tentativa, marcada para 21 de janeiro, seu médico não compareceu por motivo de saúde, diz ele. Nesta terça, caminhando com auxílio de muletas, Edinilson voltou para casa novamente sem ser examinado. A perícia foi remarcada para dia 22 de fevereiro. Até lá, o frentista segue sem renda e sem o atendimento exigido para a concessão do auxílio-doença. “É um descaso. Só fui informado da greve quando cheguei no local. Dizem que não há nada a fazer.”
Aqueles que não forem atendidos devido à paralisação das atividades devem ter a perícia remarcada pelo próprio INSS até o meio-dia do dia seguinte ao atendimento cancelado, segundo a portaria nº 922 do INSS, publicada em setembro.
A portaria estabelece ainda que a nova data do agendamento deve estar disponível para consulta a partir das 13h do dia seguinte ao cancelamento, no site ou aplicativo Meu INSS ou pelo telefone 135.
Na última paralisação dos peritos, no dia 31 de janeiro, o INSS informou que seus servidores faziam a remarcação do atendimento na agência. A agenda, porém, tinha nova vaga apenas para mais de 15 dias depois da data original, o que prolonga a espera pelo pagamento do auxílio-doença.
A perícia é exigida para benefícios como auxílio-doença, auxílio-acidente, aposentadorias por incapacidade permanente ou para pessoa com deficiência e BPC (Benefício de Prestação Continuada) para pessoas com deficiência em situação de vulnerabilidade social.
Segundo a ANMP (Associação Nacional dos Médicos Peritos), a mobilização é feita após tentativas frustradas de negociação com o ministério. A principal demanda da categoria é a realização de encontro presencial com o ministro Onyx Lorenzoni para discussão de temas como reajuste salarial de cerca de 20%.
Os peritos reivindicam também outras mudanças como a realização de concurso para suprir 3.000 vagas, distribuição igualitária de agendamentos entre os profissionais dos turnos da manhã e tarde, direito a feriados e recessos sem atendimentos e o fim de espaços na agenda sem atendimentos.