REINALDO SILVA
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São quase 14h30. Poucas pessoas esperam pela partida dos ônibus, alguns já estacionados na área interna do terminal urbano de Paranavaí. Um passageiro parece aproveitar a pausa para descansar os olhos, ali mesmo, sentado no banco, no calor da sexta-feira à tarde. A alguns metros, duas mulheres conversam e falam da vida uma para a outra.
Também está ali a aposentada Maria Alves de Oliveira. A moradora da Vila Operária tem 67 anos e depende do transporte coletivo para ir até Centro. Utiliza o serviço com frequência e sabe como é difícil se adequar aos espaçados horários de embarque e desembarque. Ela conta que chegou por volta das 14h e só sairia às 16h30. “É uma dificuldade conseguir circular. Já perdi compromisso por causa da demora.”
A reclamação dos usuários se repete: o tempo. Se pudessem mudar qualquer aspecto do serviço, ampliariam o número de ônibus em circulação, com mais opções de horários para os passageiros.
O problema foi identificado durante a elaboração do Plano Municipal de Mobilidade Urbana, em fase de conclusão. Os estudos apontam uma série de características de Paranavaí, incluindo a dinâmica de funcionamento do transporte coletivo. São 11 linhas, com ponto de início nos bairros e desembarque no Terminal Ângelo Bogoni, na Praça Brasil, e a integração pode ser feita durante 40 minutos. O levantamento da Prefeitura de Paranavaí incluiu pesquisas com usuários do transporte coletivo.
Empresa – A empresa responsável pela prestação do serviço justifica a diferença entre os horários: a demanda está menor. Foi preciso reduzir linhas e ampliar o tempo entre os ônibus. Para se ter uma ideia, em 2019 os acessos mensais chegaram à casa dos 90 mil. Agora, são 16 mil. A expectativa é que a volta das atividades escolares aumente o fluxo de passageiros e, assim, a circulação dos ônibus cresça.
A passagem custa R$ 5,27 para pagamento com cartão e R$ 5,40 em dinheiro. Estudantes devidamente identificados pagam R$ 2,70.
O terminal urbano conta com um guichê administrativo onde são feitos os carregamentos de cartões, até mesmo os estudantes que possuem 50% de isenção. Já com relação ao vale-transporte de empresas e indústrias, o carregamento é realizado somente na sede da prestadora do serviço.
O preço não incomoda Maria Alves de Oliveira, moradora da Vila Operária, citada anteriormente. Por ser aposentada, não precisa pagar a passagem. Acha até que o valor é justo, por se tratar de um serviço essencial. “A gente depende disso.”
Novo terminal – O debate sobre a qualidade do transporte coletivo voltou a ganhar forças quando o prefeito Carlos Henrique Rossato Gomes (KIQ) anunciou, pelas redes sociais, que donos de imóveis no entorno da Praça Brasil foram notificados sobre a desapropriação. O espaço será utilizado para instalar a nova sede da Secretaria de Patrimônio Público e Trânsito, hoje em prédio alugado.
Paralelamente, outro projeto será colocado em prática, a reformulação do terminal urbano. De acordo com KIQ, a estrutura atual será totalmente demolida para a construção de um novo ambiente, mais amplo e moderno.
Em recente entrevista ao Diário do Noroeste, o prefeito informou que recursos giram em torno de R$ 5 milhões e serão liberados pela Caixa através do Financiamento à Infraestrutura e ao Saneamento voltado ao Setor Público (Finisa). As obras serão executadas em etapas, para que o embarque e o desembarque de passageiros não precisem ser transferidos para outro ponto da cidade. O projeto estrutural deverá ser concluído dentro de 30 dias.
Mudanças – Nesta segunda-feira (14) será realizada a última reunião técnica sobre o Plano de Mobilidade Urbana. A arquiteta urbanista da Prefeitura de Paranavaí, Fernanda Lima Lanziani, estima que até março o documento seja enviado para a apreciação da Câmara de Vereadores. Pode haver apontamentos, questionamentos, sugestões de alterações, por isso, não é possível saber quanto tempo levará até a aprovação.
No quesito transporte coletivo, é provável que as mudanças incluam a criação de novas linhas e a readequação dos horários dos ônibus, proporcionando maior abrangência dos serviços.
As adaptações resultarão no aprimoramento do atendimento aos passageiros. Segundo o prefeito KIQ, dá para pensar, por exemplo, no uso de ônibus mais compactos para locais com menor fluxo de usuários. A ideia é oferecer mais comodidade e, ao mesmo tempo, aumentar a rentabilidade.
O contrato com a Viação Cidade Paranavaí para concessão dos serviços vigora desde 2001 e tem validade até 2023. Com o fim do prazo, uma nova licitação será feita pela Prefeitura de Paranavaí, a fim de definir a empresa que atuará na cidade – é possível que a atual empresa permaneça ou que outra saia vitoriosa no processo de contratação.