“Quem” queremos formar?
Todo o trabalho educativo, que vise formar uma pessoa, traz consigo uma determinada visão de ser humano. Nesse caminho, importa é saber qual a visão de ser humano que se tem, para, a partir dessa constatação, saber o resultado que se busca. Brevemente, apresentaremos qual é a visão de ser humano que a santa carmelita Teresa Benedita da Cruz, também conhecida como Edith Stein (1891-1942), propõe.
Um processo formativo consciente terá sempre uma imagem, uma meta ou um arquétipo de ser humano ante os olhos. Contudo, “o que está determinado para o homem enquanto homem e para o indivíduo como meta, não é perfeitamente conhecido por nenhum olho humano. Algo de todo ele é conhecido, algo sentido e algo se intui. Porém, com claridade e plenitude só Deus vê, aquele que determinou uma meta para cada natureza e que colocou no seu interior a tendência rumo à meta” (STEIN, 2003).
Foi Deus quem criou o ser humano à sua imagem. Apenas Ele é capaz de ver em plenitude tal imagem. Nós a vemos de modo imperfeito e unilateral por meio das criaturas. Só podemos contemplar de modo perfeito em Jesus e na Palavra da Revelação, que nos são notícia de Deus. Deveríamos nos apropriar dessa imagem, quanto mais pudéssemos.
Aqui reside o mistério da vida e a possibilidade de perscrutar um caminho pelas vias da fé. Colocar-se-á sob a mão daquele que é o único que sabe aquilo que a pessoa teria que ser. Ele é o único que tem o poder de conduzir a pessoa a essa meta, contanto que se tenha boa vontade, que vem da liberdade e da própria realidade da pessoa.
A pessoa tem a possibilidade de fazer diversas escolhas, incorporando ou ignorando aquilo que faz mal ou bem no seu corpo ou na sua alma. Ela pode colocar-se aberta ou fechada diante de propostas que lhe chegam. Trata-se de um ter nas mãos a si mesma.
Por isso, aquele que se coloca como educador, “precisa antes de tudo ter uma sólida formação antropológica e filosófica para saber entender de gente, conhecer o ‘material’ que vai ter nas mãos, para compreender a fase do desenvolvimento biopsíquico, afetivo e social que o educando está vivendo; necessita conhecer a natureza específica de cada um, perceber suas características e talentos pessoais, adquirir habilidades para saber lidar com essas individualidades e, acima de tudo, ter um objetivo pedagógico que seja verdadeiramente formativo” (SBERGA, 2014).
Edith Stein não prega nenhuma uniformização. Até mesmo no máximo nível da união de amor com Deus, a individualidade pessoal é mantida. Também não se trata de um conformismo. É preciso observar o processo de amadurecimento da pessoa. A formação é um trabalho que leva uma vida. Sempre se pode crescer.
Você poderá acessar esse artigo completo em: A ARTE DE FORMAR | Basilíade – Revista de Filosofia (fasbam.edu.br)
Frei Edimar Fernando Moreira, O.Carm.