Paranavaí registra maior volume diário de chuva e Prefeitura calcula estragos pela cidade

REINALDO SILVA

reinaldo@diariodonoroeste.com.br

Na terça-feira (1º), Paranavaí teve o maior volume diário de chuva de 2022. Em pouco mais de uma hora, a precipitação acumulada atingiu 66,8 milímetros. É mais do que a metade da média histórica para março, 115 milímetros. De acordo com o meteorologista do Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar) Samuel Braun, a tendência é que a ocorrência de chuvas expressivas seja frequente em todo o Estado, principalmente durante a primeira quinzena do mês, resultado do avanço de várias frentes frias.

No caso de terça-feira, o volume intenso provocou estragos em Paranavaí. Foram identificados pelo menos 17 pontos críticos, considerados como prioritários pelo poder público. A enxurrada invadiu pelo menos três imóveis na Rua Odinot Machado, no Jardim Ouro Branco. Em uma delas, a lama encobriu os móveis e atingiu aproximadamente 1,3 metro de altura. A pressão foi tão forte que a porta da casa foi arrancada.

Os moradores contaram como aconteceu. O terreno vazio ao fundo dos imóveis está em nível mais baixo do que o da rua, por isso a água chega com facilidade. Normalmente, os muros de arrimo são suficientes para evitar que a chuva avance para o outro lado, mas desta vez cederam. Logo após a precipitação, na noite de terça-feira, e ainda na manhã de ontem, moradores faziam a limpeza das casas e tentavam salvar móveis, roupas e outros objetos. Vizinhos se ofereceram para ajudar a retirar a lama e dar suporte para as vítimas.

A Prefeitura de Paranavaí registrou outros pontos de alagamento e imóveis destelhados. Em postagens nas redes sociais, o prefeito Carlos Henrique Rossato Gomes (KIQ) informou que os danos estão sendo avaliados e prometeu “dedicação e atenção profunda para diminuir os reflexos da chuva e [garantir] acolhimento aos necessitados”. Ele assegurou que todos os instrumentos permitidos dentro da legalidade foram colocados à disposição dos moradores atingidos.

A pavimentação em alguns pontos da cidade também ficou comprometida. No Jardim Ouro Branco, a enxurrada teve força suficiente para arrastar grande parte do asfalto. Um morador afirmou que a rua apresentava bom estado de conservação e disse que nunca tinha visto um volume de chuva tão grande, capaz de danificar não apenas a via pública, mas também as calçadas.

Corpo de Bombeiros – De acordo com o Corpo de Bombeiros, pelo menos quatro atendimentos foram feitos durante a chuva. Equipes se deslocaram para resgatar pessoas que presas nos carros em pontos de alagamento. De acordo com o CB, ninguém ficou ferido.

Um dos registros mostra que um veículo estava aberto, com o motor ligado e uma das rodas dentro do bueiro, arrastado pela força da água. Quando o resgate chegou, o proprietário não estava dentro do carro, pois teria saído para buscar ajuda com a remoção. Os bombeiros desligaram a bateria e empurraram o automóvel até um local seguro.

Em outra situação, a vítima ligou pedindo socorro e informou que estava presa dentro do veículo e não conseguia abrir a porta, pois a rua estava alagada. Quando a equipe do CB chegou ao local, constatou que havia dois veículos parados em um ponto alagado. Algo foi danificado, já que não funcionavam. De acordo com o relatório, as pessoas estavam assustadas com a água inundando os veículos.

O Corpo de Bombeiros também registrou dois casos em que a enxurrada invadiu imóveis. Na primeira situação, uma mulher informou a chuva avançou para dentro da casa dos pais, um casal de idosos. A outra ocorrência foi em um condomínio e os moradores quebraram o muro para que a água escoasse.

Volume recorde – O prefeito KIQ divulgou que se trata da maior precipitação dos últimos 15 anos e destacou que “a chuva não atinge todas as áreas de cidade uniformemente, o que faz com que alguns locais sejam mais impactados do que outros”. Em janeiro deste ano, Paranavaí já havia recebido volumes significativos de chuva, alcançando 47,4 milímetros no dia 27 e 52,8 milímetros no dia 28. Já em fevereiro, de acordo com o Simepar, o índice ficou abaixo da média histórica, com déficit de 100 milímetros nas regiões Norte e Noroeste do Paraná.