Está mais difícil vender produtos para fora do Brasil em 2022. Seja por conta da queda na taxa média de câmbio, que interfere nessa conta, ou pela inflação que elevou o preço de vários insumos, maquinários e matérias-primas no mercado internacional. O fato é que embora as exportações paranaenses tenham fechado em US$1,399 bilhão, com crescimento de quase 7%, na comparação com janeiro, e de 37%, contra fevereiro de 2021, o saldo da balança comercial paranaense ficou negativa em US$ 99 milhões no mês passado. O resultado é reflexo das importações feitas pelo estado, que chegaram a US$ 1,498 bilhão. Alta de 8,2% em relação a janeiro e de 33% contra o mesmo mês do ano passado. No acumulado do ano, o saldo da balança está negativo em US$ 175 milhões.
Mesmo num cenário aparentemente favorável à compra de produtos de fora do país, um dado chama a atenção. No primeiro bimestre deste ano, as importações acumuladas em US$ 2,882 bilhões recuaram 26% quando comparadas com o mesmo intervalo de 2021. Outro fato é que quando relacionados números de fevereiro deste ano e do anterior, o volume de itens importados também recuou em quase 25%. “Este comportamento já pode ser reflexo do aumento de preços de bens e serviços que a indústria importa como máquinas, equipamentos, insumos e matérias-primas para produção”, avalia o economista da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), Evânio Felippe.
“Essa inflação na cotação de itens essenciais para a indústria de transformação no mercado internacional já vem sendo sentida desde o início da pandemia. E isso preocupa a partir do momento em que pressiona os custos de produção aqui, com possível repasse desses valores para o consumidor final”, informa o economista. “Essa condição pode ainda ser impactada por conta do conflito no leste europeu, que pode gerar alta de preços na economia global e resultar em produtos mais caros no mercado interno”, completa.
A taxa de câmbio é outro ingrediente das negociações internacionais. Em fevereiro de 2021, o valor médio estava R$ 5,417 para cada dólar. No mês passado baixou para R$ 5,339. Uma apreciação de 1,5% do real frente ao dólar, o que influencia no resultado das vendas para fora do país. “Essa valorização reduz a capacidade de venda de produtos e serviços brasileiros no mercado internacional porque torna o produto nacional mais caro em relação a semelhantes vendidos por outros países. Esse comportamento pode diminuir a rentabilidade das exportações e desestimular a exploração de novos mercados, assim como a busca por novas tecnologias e o lançamento de novos produtos”, analisa o economista da Fiep.
Diante do cenário de instabilidade geopolítica, é difícil prever como as exportações do Paraná devem se comportar nos próximos meses. “Na medida em que a situação se agrava, pode ocorrer escassez de produtos no mercado externo. As sanções impostas aos países envolvidos no conflito com a Ucrânia também geram aumento de preços e toda a economia é impactada”, reforça Felippe. “Mesmo com a valorização na cotação de comodities vendidas pelo Paraná no exterior, como soja e milho, o custo de produção alto pode inviabilizar uma possível melhora na rentabilidade desses produtos por aqui”, justifica.
Produtos – O principal produto da pauta de exportações do Paraná é soja, que representa 22% total comercializado este ano. As vendas mais que dobraram em relação ao primeiro bimestre de 2021, com alta de 116%. Depois vêm carnes (19% da pauta e 34% de aumento); madeira (11% da pauta e 49% de aumento), material de transporte (8% da pauta e 14% de aumento) e papel e celulose (5% da pauta e alta de quase 89%).
Nas importações, os itens mais comprados pelo estado em janeiro e fevereiro foram produtos químicos, que representam 21% da pauta. O resultado acumulado neste primeiro bimestre, porém, teve redução de 11%. Na sequência estão materiais elétricos e eletrônicos (14% da pauta e alta de 57%), produtos mecânicos (9% da pauta e queda de 0,6%), material de transporte (quase 8% da pauta e queda de 18%) e petróleo e derivados (7% da pauta e queda de 20,3%).