O chumbo é uma substância considerada cancerígena para o ser humano e não há nível seguro de exposição ao elemento. Pode causar danos ao sistema neurológico, hematológico, gastrintestinal, cardiovascular, reprodutor e renal. Já os ácidos haloacéticos são classificados como possivelmente cancerígenos e em altas concentrações podem gerar problemas no fígado, testículos, pâncreas, cérebro e sistema nervoso.
As duas substâncias foram identificadas na água de Paranavaí entre 2018 e 2020, conforme estudo divulgado esta semana pela organização Repórter Brasil. A Companhia de Saneamento do Paraná, que fornece água na cidade, contestou a afirmação. O tema foi repercutido pelo Portal da Cidade Paranavaí.
De acordo com a Repórter Brasil, as análises foram feitas por empresas ou órgãos de abastecimento e enviados ao Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (Sisagua), do Ministério da Saúde. “Os testes são feitos após o tratamento e a maioria dessas substâncias não pode ser removida por filtros ou fervendo a água.”
Além de Paranavaí, oito municípios da Região Noroeste são identificados no Mapa da Água apresentado pela organização, com uma ou mais substâncias tóxicas: Alto Paraná, Cruzeiro do Sul, Itaúna do Sul, Nova Londrina, Paraíso do Norte, Planaltina do Paraná, Porto Rico e Terra Rica. O site da Repórter Brasil (reporterbrasil.org.br) informa que as detecções aconteceram pelo menos uma vez.
Os riscos são maiores para quem consumiu água contaminada diversas vezes por período prolongado. É o caso de quem mora em São Paulo, Florianópolis, Guarulhos e outras 79 cidades onde a mesma substância foi encontrada acima do limite nos três anos analisados (2018, 2019 e 2020).
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Sanepar – Em nota, a Sanepar, responsável pelo abastecimento da maioria dos municípios da Região Noroeste, informou que “não há registro de qualquer notificação ou intervenção de nenhum órgão de vigilância na área da saúde, nem nas esferas municipais, na estadual e na federal, que acuse qualquer omissão ou irregularidade da Sanepar na qualidade da água fornecida”. O texto nega a incidência de radioatividade na água das unidades de produção da Sanepar.
A Companhia destaca que o monitoramento é feito em todas as etapas, desde a captação em rios e poços, passando por todo o processo de tratamento, até a distribuição. “As análises servem para a empresa identificar os problemas, avaliar o alcance e definir as ações de correção, que são feitas para garantir a potabilidade da água fornecida pela Sanepar em cada um dos 346 municípios atendidos”, diz a nota.
A Sanepar argumenta que atua de maneira rápida e com medidas de curto prazo quando há alteração, ainda que seja mínima, nos padrões de qualquer substância. “A Companhia tem uma das maiores e mais modernas redes de laboratórios de análises ambientais da América do Sul, com credenciamento pela Coordenação Geral de Acreditação do Inmetro (CGCRE).” Os processos são executados “de forma precisa e de acordo com padrões de excelência”.
Conforme a nota enviada pela Sanepar, são 7,5 milhões de análises por ano, para verificar a conformidade de 109 parâmetros que estabelecem o padrão de qualidade de água segundo o Ministério da Saúde. “Este controle é realizado, de acordo com cada parâmetro, a cada hora, diariamente, mensalmente e a cada semestre, seguindo o monitoramento definido pela Portaria de Potabilidade do Ministério da Saúde e com aprovação das Vigilâncias Sanitárias municipais.”
No Noroeste do Paraná, cinco municípios não são atendidos pela Sanepar e contam com sistema independente de captação, tratamento e distribuição de água: Jardim Olinda, Paranapoema, Santa Isabel do Ivaí, Santa Mônica e Terra Rica.