(44) 3421-4050 / (44) 99177-4050

Mais notícias...

Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors

Mais notícias...

Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors
Compartilhe:

RELIGIÃO

Beber da Fonte

Nos três sinóticos aparece como importante baliza no caminho de Jesus a sua pergunta aos discípulos sobre o que as pessoas diziam e pensavam acerca d’Ele (Mc 8,27-30; Mt 16,13-20; Lc 9,18-21). Nos três evangelhos Pedro responde em nome dos doze apóstolos com uma confissão que se distingue claramente da opinião das “pessoas”. Nos três evangelhos, Jesus anuncia logo a seguir sua paixão e sua ressurreição e continua o anúncio do seu próprio destino com um ensinamento sobre o caminho do discipulado, do seguimento dos seus passos que é o crucificado. Nos três evangelhos, Ele explica, porém, este seguimento da cruz de um modo radicalmente antropológico, como o necessário caminho da renúncia, sem o qual não é possível ao homem encontrar-se (Mc 8,31-9,1; Mt 16,21-28; Lc 9,22-27). E, finalmente, segue-se nos três evangelhos o relato da Transfiguração de Jesus, o qual explica e aprofunda a confissão de Pedro e ao mesmo tempo faz sua ligação com a morte e a ressurreição de Jesus.

Aos olhos dos discípulos Jesus se colocava muito aquém do que lhe era de justiça. Apresenta-se com muita modéstia. Passava até despercebido. Vivia um contexto da vida humilde plenamente humana. Solidarizava-se com os pequenos. Sua verdadeira identidade permanecia oculta. Não se aproveitava das grandes oportunidades para ser exaltado. Com o correr do tempo rareando os milagres. Vai-se afastando das multidões para dedicar-se mais à instrução dos discípulos. Neste momento começa a dizer aos discípulos que Ele vai para Jerusalém que lá seria rejeitado pelos anciãos, que sofreria a morte. Tudo isso é muito forte para eles que tinham a expectativa de um Messias Glorioso, triunfalista, juiz severo eles eram portadores das expectativas populares. Com clareza, se dirigia aos discípulos e apresenta as condições para segui-lo: “Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga.” (Mt 16,24). Os discípulos sentem-se desanimados depois de escutar o anúncio da paixão de Jesus e conhecer as consequências de seu seguimento. A Transfiguração é uma palavra de ânimo, pois nela se manifesta a glória de Jesus e se antecipa sua vitória sobre a cruz. Temos neste relato completa apresentação de Jesus. Nele se manifestou a Glória de Deus; Ele é verdadeiramente o Messias esperado de Israel, mais ainda, é o Filho de Deus um título no qual Mateus insiste ao longo de todo o seu evangelho.

“Jesus tomou consigo a Pedro, Tiago e João, e conduziu-os a sós a um alto Monte. E transfigurou-se diante deles”. (Mc 9,2) Encontraremos de novo os três no Monte das Oliveiras (Mc 14,33), na derradeira agonia de Jesus como a réplica da Transfiguração. Aqui também se relaciona Moisés que toma consigo na sua subida Aarão, Nadab e Abiu e setenta anciãos de Israel. Os vários montes da vida de Jesus: O Monte da tentação, do grande Sermão, da oração, da Transfiguração, da Agonia, o Monte da cruz e o monte do ressuscitado; por trás aparece os montes – Sinai, Horeb, o Moriah, montes de revelação do Antigo Testamento, que são todos ao mesmo tempo montes de paixão e de revelação. A partir da história conhecemos a história de Deus que fala e a experiência da paixão com o seu ponto mais elevado no sacrifício de Isaac, no sacrifício do cordeiro, que chama antecipadamente a atenção para o cordeiro oferecido sobre o monte do Calvário. Moisés e Elias tiveram de receber a revelação no monte de Deus; eles estão agora conversando com aquele que é em pessoa a revelação de Deus. Então aparecem Moisés e Elias e falam com Jesus. A Lei e os profetas falam com Jesus, falam de Jesus. “Eles apareceram na glória e falavam sobre o seu ‘êxodo’, a sua saída, que devia realizar-se em Jerusalém (Lc 9,31). O tema do seu diálogo é a cruz, mas entendida de um movo envolvente como o êxodo de Jesus, cujo lugar devia ser Jerusalém. A cruz de Jesus é êxodo: partida desta vida, passagem através do “mar vermelho” da paixão e ida para a glória, na qual permanecem os sinais das chagas.

“E Ele se transfigurou diante deles”. “O seu rosto resplandecia como o sol, e os seus vestidos tornaram-se brancos como a luz”. A Transfiguração é um acontecimento da oração; (Lc 9,29) torna-se claro o que acontece no diálogo de Jesus com o Pai; a mais íntima penetração do seu ser com Deus, que se torna pura luz. Na sua unidade de ser com o Pai, o próprio Jesus é Luz de Luz. O que Ele é no seu mais íntimo, e o que Pedro tentou dizer na sua confissão, tornam-se sensivelmente perceptível neste momento: o ser de Jesus na luz de Deus, a luminosidade própria da sua condição de ser Filho.

A caminho de Jerusalém, Jesus fala do seguimento e da cruz que seus seguidores devem assumir. Em seguida leva-os consigo à solidão da montanha pra orarem com ele, e então eles o contemplaram transformado pela glória de Deus. A finalidade dessa visão é que confiem nele e escutem a sua voz, endossada pela autoridade do Pai: “Este é o meu Filho, o escolhido, escutai o que ele diz”. (Lc 9,35.

(Texto escrito a partir de: Jesus de Nazaré de Bento XVI)

Frei Filomeno dos Santos O.Carm.

Compartilhe: