BRUNO RODRIGUES
DA FOLHAPRESS
O clássico entre Palmeiras e Corinthians nesta quinta-feira (17), no Allianz Parque, em partida atrasada da 6ª rodada do Campeonato Paulista, colocará frente a frente os técnicos portugueses Abel Ferreira e Vítor Pereira.
A última vez que o dérbi foi disputado com treinadores estrangeiros no comando dos rivais foi em 1966, quando o então corintiano Filpo Nuñez, argentino, enfrentou o palmeirense Fleitas Solich, paraguaio -vitória alvinegra por 1 a 0, no Pacaembu, gol de Dino Sani.
No duelo desta quinta, Abel e Pereira se encontrarão pela primeira vez no Brasil, mas não será o primeiro enfrentamento na carreira de ambos. Há mais de uma década, em Portugal, os dois duelaram em jogo da liga portuguesa e também em um clássico, porém com funções diferentes das que ocupam hoje.
Abel Ferreira era o lateral direito do Sporting que foi ao Estádio do Dragão para visitar o Porto, no dia 17 de abril de 2011, em jogo da 27ª rodada do Campeonato Português. A temporada 2010/2011 foi sua última como jogador antes de iniciar a preparação para se tornar técnico.
Do outro lado, nos donos da casa, estava Vítor Pereira. Ao contrário de Abel, ele se encontrava fora do campo, mais precisamente no banco de reservas. O hoje comandante do Corinthians era assistente de André Villas-Boas, o treinador que naquela mesma edição da liga levaria o Porto ao título português.
O Sporting, que fazia campanha irregular, abriu o placar no Dragão com o lusitano André Santos, em chute desviado de fora da área aos 11 minutos do primeiro tempo. A vantagem dos visitantes, entretanto, não durou muito.
Aos 26, o colombiano Radamel Falcao García empatou, de cabeça. Também com um cabeceio, Falcao virou o clássico aos 5 do segundo tempo.
O centroavante colombiano vivia fase espetacular no Porto. Na temporada 2010/2011, marcou 16 vezes em 22 jogos da liga portuguesa e impressionantes 17 gols em 14 apresentações na Europa League (recorde histórico do torneio), ajudando a equipe de André Villas-Boas a faturar os títulos do campeonato nacional (este de forma invicta), da competição europeia e também da Taça de Portugal.
Naquela equipe multicampeã estavam o zagueiro Maicon, hoje no Santos, e o atacante Hulk, artilheiro do último Campeonato Brasileiro pelo Atlético-MG, além do centroavante Walter, com passagens por Internacional, Fluminense, Goiás e que no último fim de semana, aos 32 anos, estreou pelo Amazonas.
Foi de Walter, inclusive, o terceiro gol do Porto na vitória de abril de 2011 sobre o Sporting. Aos 41 minutos da etapa final, Rúben Micael chutou de fora da área, mas a bola quicou no gramado e encobriu a defesa. Walter pegou de primeira e chutou forte no canto de Rui Patrício.
O Sporting ainda descontou logo na sequência, com o chileno Matías Fernández, aos 43, insuficiente para evitar a derrota.
Após a conclusão de uma temporada perfeita, com três taças, André Villas-Boas deixou o Porto, o que abriu caminho para que Vítor Pereira assumisse o comando da equipe como técnico principal.
“Os torcedores podem ter a certeza de que vamos prosseguir o nosso trabalho com competência. O clube vai continuar a ganhar e ainda há espaço para a equipe melhorar e evoluir”, prometeu Pereira.
E o novo treinador cumpriu a promessa. Nas duas temporadas em que comandou o clube, levou o Porto ao tricampeonato nacional, sequência que havia iniciado com Villas-Boas. Depois de deixar o futebol português, Vítor Pereira ainda conquistou um Campeonato Chinês e uma Supercopa da China, pelo Shanghai SIPG, e um Campeonato Grego e uma Copa da Grécia, pelo Olympiacos.
Já Abel Ferreira demorou mais tempo que o seu compatriota para conquistar um título como treinador. Quando conquistou, porém, veio logo com uma dobradinha na Copa Libertadores.
Após passagens por Braga e PAOK, o português desembarcou no Palmeiras em novembro de 2020 e já soma duas taças de campeão da América, uma Copa do Brasil e uma Recopa Sul-Americana.