A pandemia da Covid-19 e a necessidade de distanciamento social levou milhões de brasileiros a trabalharem de casa. Essa mudança trouxe muito aprendizado e benefícios para todas as áreas profissionais, mas também se tornou um desafio, principalmente para micro e pequenas empresas. Como normalmente não dispõem de uma área especializada para garantir a segurança do trabalho virtual, o Sistema Federação das Indústrias do Paraná (Sistema Fiep) criou um Guia de Segurança Cibernética para Pequenas Empresas. Um material que traz um resumo das principais ameaças e estratégias para empreendedores garantirem a segurança de suas operações.
“O material traz um resumo em três capítulos de ações simples e orientações básicas de como preservar a segurança das informações das empresas e dos clientes em uma linguagem clara e objetiva”, explica a pesquisadora do Observatório Sistema Fiep, Michelli Stumm. De acordo com ela, a ideia de lançar o guia surgiu por conta da pandemia, quando os ataques cibernéticos dispararam no país. Em abril do ano passado, logo no início da crise sanitária, uma pesquisa realizada pela Check Point, em parceria com a Dimensional Research, mostrou que as empresas foram atingidas por “tempestades de ciberataques” enquanto precisavam gerenciar mudanças rápidas em suas redes para adotar novas práticas de trabalho. Na ocasião, 71% dos entrevistados relataram aumento de ataques virtuais nos meses de fevereiro e março de 2020. Segundo a Check Point, a média mundial de ataques chegou a 2.600 por dia, com picos crescentes a partir de março.
O estudo revelou ainda que a situação está pior em países superpopulosos como a Índia, que registrou mais de quatro mil portais de fraude e sites maliciosos relacionados à pandemia. No Brasil, a situação também foi detectada e muitas organizações viram seus dados e de seus clientes serem expostos indevidamente. A situação é ainda mais complicada entre os pequenos empreendedores. De acordo com dados do Ministério da Economia (RAIS 2019), 95% estabelecimentos industriais do Paraná são de micro ou pequeno porte. “Por terem uma estrutura reduzida e não contarem com profissionais especializados na gestão de seus dados, os micro e pequenos negócios ficam mais suscetíveis aos ataques”, avalia a pesquisadora.
Ela conta ainda que por ser uma situação nova, não havia referências no Brasil de algum material prático para orientar os empresários. “Fomos buscar informações inspiradas em manuais desenvolvidos por instituições públicas da Austrália, Estados Unidos e Reino Unido porque os materiais daqui traziam uma linguagem muito técnica, de difícil compreensão. O que fizemos foi produzir um guia objetivo e didático para entendimento mesmo de quem não é profissional da área”, explica.
O guia é dividido em duas partes. A parte I reúne os capítulos um e dois. No primeiro capítulo, o usuário encontra dados sobre os tipos de ameaças mais comuns. O que pode ser uma ameaça, quem está por trás dela, por que cometem este tipo de ataque e como se proteger deles. No segundo, o material enumera as estratégias para o empresário manter a segurança de seus dados agora e no futuro, com nove dicas básicas de preservar as informações em suas redes. “Estes dois primeiros estágios do guia são gratuitos e já estão liberados, com acesso livre para qualquer usuário que queira fazer o download do conteúdo. Já a parte II do guia é dedicada ao terceiro capítulo, que trata das iniciativas para mitigar os ataques cibernéticos e minimizar os efeitos dessas ameaças, estará disponível para empresas que participarem da Bússola da Inovação ou da Sondagem Industrial, que são dois importantes estudos promovidos pelo Observatório junto às indústrias do estado e que ajudam a balizar a implementação de políticas na defesa dos interesses do setor”, detalha a gerente executiva do Observatório, Marilia de Souza.