Foi divulgado um interessante artigo: “As conversas terminam quando as pessoas querem?” de Adam M. Mastroianni, Daniel T. Gilbert, ambos da Universidade de Harvard, Gus Cooney da Universidade da Pensilvânia e Timothy D. Wilson da Universidade de Virginia.
A conexão social é essencial para o bem-estar físico e psicológico, e a conversa é o principal meio pelo qual isso é alcançado. E, no entanto, os cientistas sabem pouco sobre isso: como começa, como desenrola e como termina.
As pessoas procuram conselhos e dão conselhos, propõem casamento e terminam casamento, arranjam empregos e perdem empregos, passam a responsabilidade, passam o tempo e fazem todas essas coisas trocando palavras. A conversa é universal e onipresente, mas não é simples.
Para conversar, as pessoas devem gerar e compreender a linguagem em tempo real, alternar turnos em sequência rápida, inferir o que seus parceiros sabem e querem saber, lembrar o que foi dito e o que não foi dito e muito mais. A conversação é um conjunto de tarefas complexas que parecem simples apenas porque os seres humanos geralmente as executam bem e não percebem quando as executam mal.
Embora algumas conversas sejam encerradas por circunstâncias externas, como um ônibus que chega, um sinal de escola toca, o bar que fecha, em outras, as pessoas que decidiram começar a falar também decide parar.
Psicólogos, linguistas e estudiosos da comunicação estudaram os “rituais de encerramento” que as pessoas usam para encerrar suas conversas: frases de efeito (“foi ótimo falar com você”), gambitos verbais (“eu tenho um compromisso ao meio-dia”) e sutis transições (“então, de qualquer forma”).
Se os interlocutores iniciam uma conversa com o mesmo objetivo, podemos esperar que a conversa deles termine quando eles o alcançarem, e se eles vierem com objetivos diferentes, podemos esperar que a conversa termine quando o primeiro deles o tiver alcançado.
Mas encerrar conversas pode não ser tão simples quanto parece. Um dos principais objetivos da conversação é estabelecer e manter relacionamentos sociais, e assim os conversadores normalmente observam uma série de convenções que são projetadas para proteger os sentimentos uns dos outros. Terminar uma conversa quando o parceiro quer continuar uma conversa pode minar relacionamentos.
Em dois estudos de 932 conversas, entre conhecidos e estranhos, foi pedido aos participantes que relatassem quando queriam que uma conversa terminasse e estimassem quando seu parceiro queria que terminasse. Os resultados mostraram que as conversas quase nunca terminavam quando ambos os interlocutores queriam e raramente terminavam quando mesmo o interlocutor queria e que a discrepância média entre as durações desejadas e reais era aproximadamente metade da duração da conversa.
Esses estudos sugerem que encerrar conversas é um problema de coordenação clássico que os humanos não conseguem resolver porque isso requer informações que normalmente guardam uns dos outros. Como resultado, a maioria das conversas parece terminar quando ninguém quer.
*Mario Eugenio Saturno (cientecfan.blogspot. com) é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano