EDUARDO SODRÉ
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Os números ainda não são bons, mas as vendas de veículos leves e pesados em abril mostram sinais de melhora. Foram comercializadas 147.256 unidades no último mês, alta de 0,3% em relação a março, que teve dois dias úteis a mais. Os dados são baseados no Renavam (Registro Nacional de Veículos Automotores).
É preciso considerar o impacto dos pontos facultativos no feriadão de Tiradentes, com Carnaval em diversas cidades. Houve, portanto, evolução na média diária de emplacamentos, que passou de 6.991 para 7.750 unidades/dia no período.
A leve melhora de agora, contudo, ainda está longe de compensar as perdas do setor em 2022. Em relação a abril de 2021, houve queda de 15,9% na comercialização de veículos. O primeiro quadrimestre encerrou com 552.924 unidades licenciadas, o que significa retração de 21,4% na comparação com o mesmo período do ano passado.
Na visão da Anfavea (associação das montadoras), a expectativa por uma nova redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) pode ter represado as vendas em abril, impedindo um resultado melhor.
Mas a segunda rodada de diminuição da alíquota não contemplou o setor automotivo, e agora é esperada uma reação do mercado em maio -apesar dos problemas persistentes relacionados à escassez global de semicondutores.
Embora tímido, o sinal de recuperação emitido pelo mercado automotivo é visto como um bom presságio pela Anfavea, que entra agora em um novo ciclo de lideranças.
Nesta segunda (2), ocorre a cerimônia de posse do novo presidente da entidade, Márcio de Lima Leite. Ele substitui Luiz Carlos Moraes, que volta a se dedicar exclusivamente à Mercedes-Benz do Brasil, onde ocupa o cargo de diretor de comunicação corporativa e relações institucionais.
Pela primeira vez, a vice-presidência da Anfavea será ocupada por uma mulher. Será Marina Willisch, vice-presidente de relações governamentais da GM.
Leite é diretor jurídico e de relações institucionais do grupo Stellantis na América do Sul. O advogado está na empresa desde junho de 2000, quando entrou para a Fiat. Eram outros tempos, antes mesmo da fusão da marca italiana com a Chrysler, que foi consolidada no início de 2014.
O novo presidente da Anfavea passou ainda por uma segunda megafusão, que deu origem à Stellantis. A empresa criada em 2021 reúne 14 marcas: Fiat, Jeep, Chrysler, Dodge, Peugeot, Citroën, DS, RAM, Maserati, Alfa Romeo, Abarth, Opel, Vauxhall e Lancia.
Leite tem perfil conciliador, característica que deve marcar sua gestão à frente da Anfavea. A entidade passa por turbulências há algum tempo, com muitas vozes dissonantes. Há associadas que, por exemplo, defendem que haja um diretor-executivo que venha do mercado, sem ligação com as montadoras.
Os problemas internos, contudo, são menores diante da realidade do mercado. A gestão de Moraes foi marcada pela pandemia de Covid-19 e pelo agravamento da crise econômica. O ex-presidente da associação de montadoras não poupou críticas a decisões da equipe do ministro Paulo Guedes, mas sempre foi ouvido pelo governo.
Leite deve dar sequência ao movimento de reaproximação com Brasília, fortalecendo o relacionamento institucional. Historicamente, a Anfavea não revela apoios políticos.
Prova dessa postura é a escolha para os locais da posse. Além da cerimônia desta segunda (2) em um hotel de São Paulo, haverá um segundo evento no Distrito Federal, na noite de terça (3).
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