JOÃO PEDRO PITOMBO
DA FOLHAPRESS
Líder da comunidade quilombola Jacarezinho, na cidade de São João do Soter (420 km de São Luís), Edvaldo Pereira Rocha foi assassinado na manhã desta sexta-feira (29) na zona rural da cidade.
Ele foi encontrado morto com marcas de tiros no povoado Bom Jardim, nas proximidades do caminho que leva ao santuário São Francisco, da Igreja Católica.
A comunidade quilombola Jacarezinho está com o processo de regularização fundiária em andamento no Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), mas ainda sem uma resolução.
As terras eram cenário de conflitos agrários há pelo menos seis anos. Uma ação civil pública movida pela Procuradora da República em Caxias (MA) aponta que em 2016 a área da comunidade quilombola foi reivindicada por agricultores que disseram ter arrematado as terras em um leilão.
Desde então, segundo a Procuradoria, as terras ocupadas pelas famílias da comunidade quilombola foram desmatadas para criação de animais, dentre outras atividades.
A cidade de São João do Soter está encravada na região conhecida como Matopiba, que inclui áreas do agronegócio dos estados do Maranhão, Bahia, Piauí e Tocantins.
Presidente do Fórum Carajás, entidade que atua na articulação de movimentos sociais na região, Mayron Regis Brito Borges afirma que Edvaldo Pereira Rocha era um dos principais líderes comunitários que atuavam contra a expansão das plantações de soja em territórios tradicionais.
“Ele era uma referência não só para a sua comunidade, mas também para várias outras comunidades ao redor”, afirma Mayron, destacando que a comunidade Jacarezinho vinha sofrendo ofensivas de sojicultores e que Edvaldo havia sofrido de ameaças.
Mayron também faz críticas ao Governo do Maranhão por flexibilizar as regras de licenciamento ambiental, incentivar a expansão da soja na região e supostamente se omitir sobre denúncias de invasão de terras quilombolas.
Em nota, a Secretaria Estadual de Igualdade Racial do Maranhão (SEIR) afirmou que “lamenta profundamente” a morte do líder quilombola.
“Sua luta pela titulação de sua comunidade é reconhecida por todos, por isso asseguramos que o crime brutal do qual foi vítima terá o acompanhamento da SEIR em toda a sua investigação, a cargo das autoridades policiais”, informou.