Os empregos formais (com carteira assinada) na indústria do Paraná tiveram uma redução significativa nas novas contratações em março, segundo dados divulgados nesta semana, pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged), do Ministério da Economia. O setor continua abrindo vagas, porém, num ritmo mais lento do que o verificado desde março do ano passado. Dos 8.638 novos postos de trabalho criados no estado no mês passado, a indústria foi responsável por 1.114 deles. Foi o segundo setor que mais abriu oportunidades, superado apenas por serviços (5.404). Tanto as vagas gerais de empregos quanto as da indústria caíram em relação a fevereiro. O recuo chega a 69%, avaliando todos os empregos gerados, e a 65% considerando apenas a indústria.
Na comparação com março de 2021, o resultado da indústria se repete. Queda de 78% na geração de empregos formais. No ano, o setor já abriu 10.406 novas vagas, sendo 10.396 apenas na indústria de transformação. Mas o resultado também está 55% abaixo do verificado no primeiro trimestre de 2021. Naquele período foram criadas 23.246 novas vagas de emprego na indústria do estado.
“O ritmo de contratações claramente vem caindo desde março de 2021, quando a indústria vinha num movimento de forte retomada dos empregos. Esta condição pode ser reflexo da situação econômica do país”, avalia o economista da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), Thiago Quadros. Para ele, a inflação alta em março, uma das maiores para o mês desde 1994, o índice de confiança do empresário em queda em março e o Índice de Preços ao Produtor (IPP), que mede a inflação do setor industrial, em alta de 3,1%, ajudam a explicar a desaceleração nas contratações.
“Em 12 meses o IPP acumula 18,3% de crescimento e, no ano, já está em quase 5%. Quando percebe aumento nos custos de produção, o empresário segura as contratações. Com seu produto mais caro, ele precisa reduzir a margem de lucro ou repassar os custos ao consumidor, mas isso nem sempre é possível para não perder competitividade e reduzir ainda mais as vendas de seus produtos no varejo”, explica Quadros.
A inflação acumulada em 4,3% até abril, que este ano praticamente já chegou perto da do teto previsto pelo Banco Central para todo o ano de 2022 (5%), é outro fator que inviabiliza as vendas no comércio. Produtos mais caros no varejo inibem as encomendas e a demanda de produção nas fábricas. “É um movimento em cadeia. A taxa de desemprego alta no país também reduz o poder de compra da população e isso tem impacto direto em toda a economia, com a redução do consumo. São 12 milhões de pessoas desocupadas (11,2%) no Brasil e 435 mil só no Paraná (7%)”, informa o economista.
Segmentos geradores e municípios – Das 24 atividades industriais avaliadas pelo Novo Caged, nove mais demitiram do que contrataram. Fabricação de máquinas, aparelhos e materiais elétricos foi o segmento que mais fechou vagas (-203), seguido por alimentos (-134), por conta do fechamento de vagas temporárias de Páscoa (-99), borracha e material plástico (-53), couros (-47) e celulose e papel (-35). Já os que mais geraram empregos foram máquinas e equipamentos (308), madeira (258), automotivo (229), moveleiro (160), em recuperação, e petróleo (156).
No ano, confecções e artigos do vestuário lideram o ranking das contratações (1.583). Na sequência aparece automotivo (1.320), alimentos (1.227), máquinas e equipamentos (1.071) e madeira (995). Duas atividades estão negativas, ou seja, fecharam vagas este ano. Moveleiro (-285) e fabricação de outros equipamentos de transporte (-56).
Matelândia, no extremo Oeste do Paraná, foi o município que mais contratou trabalhadores para a indústria em março, 137 no total. Em segundo lugar vem São José dos Pinhais (129), seguido por Francisco Beltrão (113), Guarapuava (112), Medianeira (109), Nova Londrina (103) e Toledo (102). O município de Londrina lidera a lista dos que mais fecharam postos de trabalho no estado (-152) em março. Depois, seguem Pato Branco (-140), Ubiratã (-96), Tapejara (-92) e Curitiba (-76).